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21 julho 2014

Sobre a arte de fazer café


Eu sempre morei perto da minha avó materna. Nossa convivência sempre foi diária e se tem uma coisa que eu sempre gostei nela, além das nossas conversas intermináveis e uma série de outras coisas, é do café que ela faz. Eu, que sou extremamente chata no quesito "considerar um café bom", acredito que a perfeição líquida sempre fora preparada por aquelas mãos enrugadas. Vocês que não gostam da bebida provavelmente não entendem, mas sabe quando você é atraído pelo aroma, ao longe, e vai caminhando até encontrar a fonte, serve uma xícara, dá o primeiro gole, vai ao céu e volta? Era mais ou menos assim que eu sentia ao tomar o café da minha vó. 

Durante muito tempo eu tentei descobrir o segredo dela. Quantas colheres de café ela colocava, quantas colheres de açúcar, quantos mls de água, essas coisas... Eu precisava desesperadamente daquela fórmula. Até que um dia ela me explicou exatamente como ela fazia, as medidas, etc, e meu café subiu do nível "horrível" para "tomável" o que, pra mim, foi uma baita evolução e por hora eu estava satisfeita.

Certa vez minha avó ficou de cama e quem tomou o posto de fazer café foi a minha mãe. Numa escala hierárquica, minha avó estava no topo, com o melhor café do mundo da casa, eu estava na base e minha mãe era o intermédio - seu café nem era tão bom, nem tão ruim. Até que eu decidi que não poderia viver dependente do café dos outros e fui atrás da minha própria fórmula do café ideal. 

Minha saga demorou algum tempo, mas eu finalmente descobri. Minha mãe tinha um medidor de pó de café que veio junto com a cafeteira e eu passei a usar três medidas daquela. Três colheres grandes cheias de açúcar. Um bule cheio de água - o que, na cafeteira, equivale a 40 cafés e daí é só apertar o botão e esperar a felicidade líquida aparecer. 

Os defensores do café passado na hora com água fervente, etc, que me poupem. Já fui uma de vocês. Mas me senti na obrigação de me render aos aparelhos domésticos e o advento da cafeteira veio bem a calhar. Hoje digo, sem falsa modéstia, que o aprendiz superou o mestre. Em outras palavras: há algum tempo minha avó veio me perguntar qual era a fórmula que eu tinha desenvolvido para fazer o que agora é chamado de "melhor café da casa". Sintam o drama.

Parando pra pensar, acredito que esse lance todo de apreciar e fazer um bom café seja um dom que corre em minhas veias, passado pra mim pela minha avó. Talvez eu seja a sua sucessora. Ou talvez isso seja uma incrível coincidência, vai saber. Mas já tentei fazer o meu café usando a velha chaleira, bule e coador e deu certo, portanto, me sinto no direito de aceitar o título que me foi conferido. Aliás, vou encerrar o post com uma frase que eu costumo dizer pras pessoas que me falam que não gostam de café: você não gosta? tudo bem, mas... você já provou o meu café? 

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*A inspiração para esse texto surgiu enquanto eu comentava sobre o eterno caso do café gelado da Duda.

6 comentários:

  1. Você falou em café e já tô aqui, sentindo o cheirinho. É mesmo mágico sentar e tomar uma bela xícara de café. Gosto forte. E prefiro fazer com a água fervendo ao da máquina, não é a mesma coisa quando é automatizado. O processo de esperar a água ferver e depois coar o café na hora tem todo um gosto especial também :)

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    1. E eu tô aqui saboreando o meu <3 hahaha
      Eu também gosto de café forte. Não tanto, mas fraco eu odeio!

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  2. ps: se resolver ler o Livro do Desassossego do Fernando Pessoa, por favor, conte sua experiência ;)

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    1. Tá bom!
      Eu andei procurando ele pra pedir emprestado, mas não achei :(
      Quero ver se tem na biblioteca da faculdade!

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  3. Já tô aqui pensando em café , como não amar ? Já virou um vicio *-*

    Fique com Deus , beijos <3
    mundodasgarotasforever.blogspot.com.br

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    1. Eu tomo café direto assim desde, sei lá, meus 12 anos. É realmente um vício pra mim <3 uahuahuah

      Obrigada pela visita!

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