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20 julho 2016

Relatos de uma crise nostálgica

A maioria das pessoas que eu conheço que não gosta de Greys Anatomy o faz pelo mesmo motivo: acham a série inverosímel. "Capaz que vai aparecer um Derek Shepherd assim na vida da gente" ou "a rotina de hospital é bem menos interessante que isso, os plantões então, nem se fala" são trechos reais retirados de conversas minhas com pessoas que tentam explicar porque não dão uma chance à maravilhosa criação de Shonda Rhimes. À essas pessoas só desejo meus pêsames. Migos, cês não sabem o que estão perdendo.

É claro que a série não é totalmente realista - quase nada, eu diria, tem drama pra mais de metro e a pegação come solta. É claro que tá pra nascer uma pessoa tão maravilhosa quanto McDreamy ou McSteamy e nem por um milagre apareceria uns professores tipo eles lá na clínica da faculdade, mas, guess what, aí é que tá a graça da coisa (tá, a parte do McDreamy não é tão engraçada, mas vocês entenderam).

greys anatomy cristina yang sandra oh

As séries, filmes, livros, enfim, tão aí justamente pra transportar a gente pra OUTRA REALIDADE. E não é porque a história não é fantástica que precisamos ter tudo exatamente igual à vida real. Seje menas, você que pensa assim.

Não sei vocês, mas quando assisto GA (especialmente as primeiras temporadas) me vejo nos personagens, com todas as dúvidas possíveis, o desejo incessável de querer impressionar os superiores e me superar. Ver eles sofrendo, se superando, aprendendo e crescendo me dá uma sensação boa, um conforto, é quase uma espécie de abraço <3 Sabe assim?

greys anatomy cristina yang cristina and meredith

É claro que não dá pra levar tudo tão a sério. Não dá pra elevar as expectativas nesse nível e esperar que a vida real seja exatamente igual à série, mas, gente, sempre que eu preciso de motivação pra continuar estudando e já tô perdendo o foco do porquê passar tantas noites em claro, cansada, sem comer direito, sem sair, sem diversão... Eu coloco um episódio da série e já me sinto bem. Porque eu sei que tudo vai passar. Fora que não tem sensação melhor do que ver os personagens com quem a gente se identifica dando uma da badass.

greys anatomy cristina yang sandra oh

Então, resumidamente: se você acha que Greys Anatomy é ruim porque enfeita um pouco a realidade, você não sabe o que tá perdendo. E posso garantir pra vocês que a sensação de fazer uma cirurgia é parecidíssima com a que imagino que eles sintam na série - nada menos que espetacular. Exceto, é claro, pelo fato de eu ter quase certeza que o paciente sairá vivo das minhas. 

hug friendship greys anatomy meredith grey alex carev

Eu sei que tá tudo meio confuso, mas eu resolvi escrever esse texto porque nessas férias fazem 2 anos que comecei a assistir à serie e deu vontade reassistir ao primeiro episódio. É claro que isso me deixou totalmente nostálgica e eu precisava colocar meus sentimentos pra fora em forma de amor, quero dizer, texto. É tão legal ver a evolução dos personagens (que, por um milagre da natureza, ainda estão vivos e permanecem na série). E as plásticas da Ellen. Tão bom matar a saudade dos personagens que saíram. Não achei que me sentiria assim, mas foi ainda melhor que a primeira vez que assisti. 

greys anatomy flight eric dane lexie grey mark sloan

Sdds

01 julho 2016

Ainda bem

Uma vez fui fazer um trabalho com algumas amigas e usamos meu notebook para as pesquisas, montagem dos slides, enfim. Elas já sabiam que eu sou a louca da organização, mas me elencaram "rainha da porra toda" quando viram, nos Meus Documentos, a ~~ pasta da faculdade ~~. Eu jurava que todo mundo fazia isso e que era a coisa mais normal, porém elas se mostraram boquiabertas com minha separação por semestre/matéria/tipo de trabalho, enfim, essas coisas básicas que todo mundo faz (ou deveria fazer). Anyway. Tudo isso pra dizer que hoje eu estava criando uma pasta - nesse meu sistema maravilhoso de organização virtual - intitulada "Bruxismo" e me peguei pensando sobre quanto nada acontece por acaso. 

Se você me acompanha nesse blog há mais tempo, deve lembrar que já tive meus problemas até me encontrar na profissão que escolhi. Odonto, que não era meu plano inicial, acabou se saindo melhor que a encomenda e hoje eu percebo isso. Mas tinha uma coisinha que sempre me incomodava: eu não conseguia me imaginar atendendo o dia todo em um consultório, trancada naquela rotina, adquirindo hérnias de disco e problemas posturais. Até que eu descobri o ~ maravilhoso mundo dos cirurgiões buco-maxilo-faciais (e sua rotina no hospital <3) ~ e comecei a dar monitoria. Essas duas coisas me abriram os olhos (e a cabeça) pros milhares de segmentos que a odontologia tem. A área acadêmica (assim como a cirúrgica) me atrai demais, tanto que após falhar miseravelmente em criar uma liga acadêmica de cirurgia, caí de paraquedas em um grupo de pesquisa e percebi que quando é pra ser, não tem jeito, é.

Há algum tempo procurei um professor especialista em disfunções da Articulação Temporomandibular, buscando orientação para uma pesquisa na área. Meu enfoque seria o bruxismo. Fiquei entusiasmada após uma aula ministrada por ele e aguardei ansiosamente algum posicionamento. Ele não respondeu meu e-mail até hoje (epic fail), mas felizmente isso abriu espaço pra eu conhecer outra professora maravilhosa que me sugeriu pesquisar sobre, VEJAM SÓ, bruxismo e já foi logo me enviando milhares de artigos-base pra eu me inteirar sobre o assunto. 

Mais de um semestre depois, cá estou eu pesquisando sobre Bruxismo e criando uma pastinha exclusivamente para isso. Eu que já tinha desistido da ideia. Que já tinha desistido de tocar uma Liga Acadêmica pra frente. Que já estava conformada em sentar a bunda no mocho e marcar uns horários com uma fisioterapeuta (e uma psicóloga) no futuro...

Por isso me valho do velho clichê: as coisas acontecem na hora certa. Quando elas têm que acontecer. Porque a vida é essa série de eventos não programados que, no final das contas, fazem todo o sentido. Mas é só depois de dar tudo errado para então começar a pensar em dar certo que a gente percebe isso.

Ainda bem que eu não me acomodei. Ainda bem que eu escolhi acordar mais cedo pra ir dar monitoria ao invés de ter algumas horinhas a mais de sono. Ainda bem que me privei dos ~finais de semana com a galera~ pra poder colocar minhas pesquisas em dia. Ainda bem. Agora tô colhendo os frutos e me sentindo maravilhosamente bem. 

Ainda bem.

happy classic film listening hangin out leslie parrish

25 maio 2016

Minha opinião-não-requisitada sobre Misery



Segunda-feira, 23 de maio de 2016, 09:53 a.m.
"A clínica acabou mais cedo...", pensei, "...que sorte! Posso pegar o ônibus das 10h e, embora esteja congelando lá fora, vou pro ponto mais cedo pra não correr o risco de perdê-lo..."  

Cerca de 15 minutos e infinitas olhadas pra tela do celular pra ver a hora depois, lembrei que os horários do ônibus iam mudar e... Guess what?! O dia que as mudanças entravam em vigor era segunda, dia 23. Abri o site da empresa de ônibus correndo só pra constatar o óbvio: ao invés 9h e 10h, agora o único horário disponível era 11:30. hehe. "Que sorte, a clínica acabou cedo" não parecia mais tanta sorte assim.

Pra não sair no prejuízo, me permiti vagar pela livraria do shopping universitário que tem na frente da faculdade. Os preços são exorbitantes, mais caros que na maioria das livrarias (isso que é pra universitários - o que não faz sentido), mas não me segurei e, ficando uns 40 e poucos reais mais pobre, acabei levando "Misery", do Stephen King, comigo. 

Encontrei meu lugar ao sol - literalmente, me acomodei numa das mesinhas na área externa do shopping onde estava batendo um solzinho maravilhoso - e comecei a ler devorar o livro. Ali permaneci até a hora de voltar pro ponto. Assim que me acomodei num assento bem ao fundo, voltei a ler. Quando cheguei em casa, li mais um pouco. 24 horas depois, terminei de lê-lo e assisti ao filme logo em seguida. Tamanho meu encantamento. 

Eu, que nunca tinha lido nada do autor (só assisti a vários filmes baseados em suas obras) - shame on me - passei a entender o real motivo de ele ser considerado um rei. Chovendo no molhado: o cara é foda mesmo. Agora já quero voltar na livraria e gastar todo o salário que ainda nem recebi em todos os livros do King que eles tiverem por lá. Nada mais justo. 

Fazia tempo, muito tempo, que eu não me sentia assim lendo alguma coisa. Essa empolgação exagerada, ansiedade pelo próximo capítulo e a incapacidade de manter as unhas intactas que só um suspense (em especial, um suspense confinatório) muito bem escrito é capaz de causar. Além da história, em si, ser maravilhosamente bem pensada, os personagens e a forma como a obra foi escrita merecem boa parte dos créditos.

Apesar de achar a Annie do livro mais tenebrosa em alguns aspectos (aparência que eu imaginei, por exemplo), a Annie do filme conseguiu me passar uma sensação de total e completa insanidade muito mais "comedida" aparentemente - e por isso mais perigosa - que a obra escrita. O Paul do filme me pareceu um pouco mais irônico e seu humor sarcástico apareceu mais claro pra mim, embora no livro a gente sinta a dor e o processo de loucura pelo qual o personagem passa, o que o tornou mais real pra mim. Além do seu vício pelo remédio que ficou explícito na obra física. No filme parece que ele é meio que feito de ferro, consegue evitar os remédios muitas vezes... As metáforas escritas sobre a dor não conseguiram sua deixa no filme, o que me entristeceu um pouco, visto que senti aquilo na essência do personagem.

É claro que o livro é mais completo, obviamente, mas o filme não fica muito para trás.
Sinto a necessidade absoluta de indicar os dois pra quem quer que ainda não conheça a história. Não faça como eu. Não demore mais um segundo pra conhecer a loucura de Annie e as tentativas de Paul manter-se vivo.

Típico de King, falar sobre escrita aparece bastante, principalmente no livro. Isso me inspirou a escrever, tanto que cá estamos. E a vontade de escrever um livro triplicou. Só falta a história. Única coisa que eu não quero é um fã número 1 no estilo de Annie. Ou aquele da Ana Hickmann. 

01 maio 2016

Um desabafo confuso

Imagem de car, funny, and Adult

Aí você cresce, amadurece, abre os olhos e passa a entender milhares de coisas que antes não faziam sentido. Começa ver coisas que antes passavam despercebidas e enxerga claramente os problemas que nem sabia que  existiam. Olhando em retrocesso, pode analisar o quanto as pessoas ficam boas nesse negócio de esconder os sentimentos à medida que crescem. E entende que, apesar de doloroso, todo esse processo é necessário - não entender as coisas até passar a entender; além de também aprender a esconder algumas coisas com o passar do tempo. 

Disso tudo, não sei o que é pior: começar a ver com outros olhos as relações que são perfeitas apenas vistas de fora, mas estão ruindo por dentro ou não poder fazer nada a respeito. Porque, vocês sabem, uma vez vistas, as coisas não podem ser desvistas. E nem tô querendo citar memes. 

É como quando você percebe que tem uma mancha na lente dos seus óculos. Depois do segundo em que seus olhos percebem a mancha, é impossível ignorá-la. O mesmo vale para outras coisas. Você pode pensar que os pais da sua amiga se dão super bem e são suuuper felizes no casamento (estilo comercial de margarina) até jantar uma noite na casa deles e perceber que o clima péssimo não é algo passageiro, que eles apenas se aturam e fazem questão de deixar explícito em seu tom de voz o arrependimento que carregam em ter largado alguma coisa pra casar, formar uma família. Sabe essas coisas? 

Não tenho certeza se estou parecendo stalker ou soando estranha, mas sou muito observadora e isso só deixou os meus olhos mais abertos pra sentir de longe o cheiro das mentiras que as pessoas contam pra elas mesmas - e pros outros. Mas é claro  que quando as coisas estão acontecendo debaixo do nosso nariz, o buraco é mais embaixo. ´

Sinceramente, não sei onde eu quero chegar com esse texto, eu apenas senti uma vontade absurda de colocar esses sentimentos em palavras na esperança de encontrar uma saída. 

A questão é que a gente não pode fazer nada por alguém que não quer ser ajudado e isso me faz sentir culpada. Porque uma vez percebido o problema, fica difícil ignorá-lo. Mas se os principais envolvidos fingem que ele não existe, quem sou eu pra tentar mudar isso, né? 

12 março 2016

Isso não é era pra ser um discurso de autoajuda ¯\_(ツ)_/¯

Eu só queria voltar no tempo e dizer pra mim mesma que ó: as coisas vão dar certo, tá? Mesmo que tudo pareça uma bosta nesse momento, mesmo que a indecisão esteja batendo forte, mesmo que nada pareça suficientemente constante pra se agarrar... Segue em frente porque isso vai valer a pena lá aqui na frente.

Infelizmente a viagem no tempo ainda não é viável, então deixo o recado pra vocês que estão se sentindo agora como o meu eu-de-alguns-anos-atrás. Você pode estar passando por uma situação ruim que está se estendendo por mais tempo do que se considera suportável, mas vai passar. Confia em mim - e, mais importante que isso, confia em você.

Só queria lembrar que o tempo não é mágico - ao contrário do que muita gente nos faz pensar, ele não joga um pó com glitter sobre você e tudo fica bom de repente. A mágica do tempo é que ele nos faz o favor de permitir repensar em nossa vida, nas nossas atitudes, no que tá coteseno... Ele nos dá espaço pra perceber que algumas coisas não cabem mais na nossa rotina e que precisamos nos livrar disso pra seguir mais leve. E com o passar dele algumas coisas mudam, algumas pessoas vão embora, outras chegam e aí então tudo fica bem. Não é mágica, a gente precisa fazer acontecer.

Esses dias eu estava indo pra faculdade e fiquei pensando sobre tudo isso que  estou falando, até que resolvi que precisava escrever esse texto. 

Há 3 anos eu estava entrando numa faculdade que nunca foi o meu sonho. Eu não me imaginava naquele curso e fiquei por muito tempo com medo de ficar frustrada e presa numa profissão que não me satisfazia. Eu me cobrava demais, sofria demais, pensava demais nos "e se..." que cismavam e me perturbar. Eu não confiava o suficiente em mim e muito menos na minha capacidade. Eu estava cercada de pessoas que me faziam sentir cada vez mais triste e isso me deixou várias noites sem dormir.

Não foi fácil passar por isso - nunca é - mas então eu percebi que eu não preciso me cobrar tanto. Não preciso (tentar) ser perfeita o tempo todo porque ninguém é. E tá tudo bem. Percebi também que manter pessoas por perto só porque elas estão ali há muito tempo (mesmo não acrescentando nada de bom) não é saudável, e por mais triste e solitário que seja, às vezes é melhor simplesmente se afastar. Aprendi que não é preciso tentar controlar tudo o tempo todo e se as coisas saírem fora do roteiro TÁ TUDO BEM porque a vida não é um filme e as cenas não precisam ser ensaiadas. A vida é improviso e por isso ela é tão maravilhosa.

Durante esse tempo eu me conheci melhor e conheci pessoas maravilhosas que me fazem bem. Uma delas (obrigada, Fê) me mostrou que por mais defeitos que a gente tenha sempre vai ter aquele alguém especial que vai te amar assim mesmo e que vai te mostrar que são esses defeitos que te fazem um ser único. Nesses 3 anos eu me descobri no meu curso e hoje não me imagino fazendo outra coisa além de ajudar as pessoas a se sentirem mais confiantes pra sorrir. 

Eu continuo não sendo a pessoa mais confiante e segura do mundo, mas hoje sou feliz. Feliz comigo, com as minhas escolhas, com as pessoas que escolhi manter ao meu lado. É claro que alguns dias ruins aparecem, problemas todo mundo tem, mas aquela sensação de que estou onde deveria estar é a parte mais satisfatória de tudo isso. Por isso eu digo: vai ficar tudo bem, basta acreditar em você.

The Oscars happy excited leonardo dicaprio oscars 2016

02 março 2016

Como imaginaríamos o mundo que conhecemos se não o conhecêssemos?

Minhas aulas voltaram na última segunda-feira, mas eu ainda estou me sentindo meio que de férias. É claro que ainda preciso levantar cedo na maioria esmagadora dos dias, mas quarta só tenho aula à tarde e por isso ontem me permiti usufruir de um pequeno prazer: ficar acordada até tarde vendo filme. 

Esse não era meu plano inicial, confesso. Eu pretendia ficar acordada até, no máximo, 2 da manhã pra colocar meus roteiros e a matéria das primeiras aulas em dia (sim, já teve conteúdo pra mais de metro nesses dois primeiros dias), mas me peguei lendo um post da Anna sobre o Oscar e só o que me passou pela cabeça foi: preciso assistir "Room". Agora. 


Não mais que de repente procurei um link pra assistir online e, enquanto o player carregava um pouco, terminei de ler o post. Apesar de já ter marcado o filme como "Quero Ver" no filmow há um tempo, ainda não tinha parado pra assisti-lo (shame on me, sem maratona pro Oscar esse ano - justamente esse ano! que Leo finalmente ganhou. enfim). Até que alguma coisa no post da Anna despertou em mim uma vontade absurda de saber como a história terminava e, mais do que isso, como ela se desenrolava. Fiquei curiosa e absolutamente encantada pela originalidade da história.

Há essa altura você já deve ter visto mil resenhas sobre a obra - "Quarto de Jack", no Brasil - e sabe a história até de trás pra frente. Mas, caso você tenha ficado alheio aos indicados esse ano, lá vai um breve resumo: Joy e seu filho, Jack, vivem enclausurados em um quarto - ela há 7 e ele há 5 anos. Jack nasceu dentro deste, ou seja, tudo o que ele conhece de "mundo" está ali naqueles 10 m² de espaço e uma visão ínfima do céu pela claraboia. Como os dois não têm perspectiva de escapar dali, Joy encontra respostas inusitadas para perguntas curiosas do menino e os dois tentam viver o que se pode chamar de "vida normal" naquela prisão. Com o resgate dos dois e a inserção deles em um "ambiente normal", o desafio do filme passa a ser mostrar como eles se adaptarão àquela nova realidade e conviverão com as pessoas, os carros, o mundo e seus traumas. 


É muito difícil começar a falar sobre esse filme porque ele mexeu muito comigo. A primeira hora da obra se passa toda dentro do Quarto e nos apresenta a realidade de Joy e Jack. Seu dia-a-dia, como passam as horas, além da história de Joy e como ela foi parar ali após ser sequestrada com apenas 17 anos. Essa primeira parte do filme me deixou bastante angustiada e as cenas naquele único lugar se mostraram claustrofóbicas e perturbadoras, tamanha a imersão na história. À medida em que os personagens foram se apresentando, fui percebendo a garra de Joy em manter Jack seguro, bem alimentado e com hábitos comuns, tendo em vista sua realidade. Ela lia para ele, ensinou-o a ler, falava pra ele sobre as pessoas da TV e tentava criar para ele uma realidade crível dentro de suas limitações. Jack é um menino bastante esperto (esse Jacob Tremblay merece o Oscar de mais fofo do ano) e quando ele completa 5 anos, Joy vê uma esperança de armar um plano pra  livras os dois dali com a ajuda de seu filho. Os momentos de ~pré-fuga~ são super tensos e é impossível não roer todas as unhas. Até que, finalmente, eles conseguem escapar. 


Esse momento pontual no meio do filme é bastante emocionante e dá uma sensação de respirar depois de muito tempo embaixo d'água, sabe? A sonoplastia ficou ainda mais incrível que no restante do filme, assim como a imagem. Consegui ter a experiência quase real de encarar as mais variadas mudanças de iluminação e sons após um mesmo padrão por vários anos. Achei demais! Mas aí começa outra parte difícil da história: a reinserção ao mundo de uma pessoa que ficou por 7 anos enclausurada e a apresentação desse mesmo mundo para um menino de 5 anos que nunca havia saído do Quarto. Fiquei curiosíssima sobre como o enredo iria seguir e posso dizer que fiquei super satisfeita com as escolhas feitas.  Houveram momentos muito tristes, assim como momentos emocionantes e felizes. Eu, particularmente, sou muito chata com finais de filmes e posso dizer que gostei muito do final escolhido para "Room". Obviamente não vou comentá-lo aqui, mas achei algo poético, metafórico e muito significativo.

O filme me pôs a pensar sobre todas as coisas as quais temos acesso no nosso dia-a-dia e nós deixamos passar por serem rotineiras. O ar puro, as árvores, os carros, as pessoas, a possibilidade de sair pra comprar uma roupa nova, experimentar comidas diferentes e testar novos perfumes... Enfim, esse mínimos detalhes que são tão comuns pra gente que paramos de apreciar. 

Além disso, adorei acompanhar todo o lado psicológico da trama, esse desenvolvimento do dano, por exemplo a forma como Jack responde à certas situações frente ao que foi criado e ao que considera "verdade". Bem como a indignação da Joy por perceber que todos seguiram suas vidas mesmo ela tendo parado a sua por 7 anos. 

De forma geral, é um filme que dá muita coisa pra pensar e é bem produzido, com atores dando um show e com fotografia e trilha sonora impecáveis. Um dos melhores filmes que assisti esse ano. Super recomendo pra quem ainda não assistiu e espero seus comentários sobre a obra pra gente discutir. 

Agora 'cês me dão licença que eu preciso me arrumar pra ir pra faculdade. Como eu disse lá no começo, estou me sentindo MEIO QUE de férias e esse ~meio que~ faz toda a diferença. Tchau! 

11 fevereiro 2016

Então eu gosto de Justin Bieber


Ah, como eu gostaria de não ter que anunciar a frase que é o título desse post sempre seguida da expressão do GIF acima (visto que, né, todo mundo tem liberdade pra gostar de quem quiser e ouvir o tipo de música que mais lhe apetecer), mas é exatamente o que tenho que fazer diante dos olhares de julgamento das pessoas que descobrem meu gosto peculiar. Meio tipo:

What can i say? 

Faz tempo que penso sobre como escrever esse post e acho que não há forma melhor de fazê-lo do que começar relembrando que tudo começou há alguns anos (em 2010, i think), com um "Baby" - a música e o próprio JB. Vocês se lembram da voz de criança (oin)? DO CABELO? Do jeitinho envergonhado? 

Sim, acabei de descobrir os GIFs animados.

Confesso que apesar de nunca ter me considerado uma ~belieber, não saí ilesa da Bieber Fever. Ah, vai... Eu até que curtia as músicas dele. "Never Say Never" era meu xodó, assim como "One Less Lonely Girl" e "One Time". "Love me" também. Confesso que tô ouvindo toda a playlist oldschool do JB aqui no YT e, de fato, eu até que curtia MESMO as músicas. 

Tudo ia bem, JB era um sucesso até que CARALHO, O QUE TÁ COTESENO? As polêmicas começaram a surgir, o cabelinho de capacete havia se despedido, dando lugar a um estilo menos infantil - ao contrário das atitudes. Justin virou o garoto-problema que todos conhecemos e acho que foi aí que todo mundo começou a sentir vergonha de dizer que gostava dele (tá, seu passado capilar também não melhorava a situação, mas na época virou moda, vai).

os menino tudo pegavam o pôster da Capricho e levavam no salão dizendo "QUERO FICAR ASSIM".
Ou o equivalente a isso no universo masculino.

Mas aí o tempo passou, JB ficou esquecido por um tempo até que "Where Are U Now" não saía mais das rádios (ainda existe?). Eu ouvi e curti demais, mas fiquei receosa quanto ao que as outras pessoas diriam se me pegassem ouvindo JB. Idiota, né? Parando pra pensar sobre isso, percebi que (é óbvio) 1. ninguém pode te julgar pelo que você escuta - nem por nenhum outro gosto, né mores, seje menas. 2. eu posso gostar da música sem gostar do artista. As atitudes que ele toma não representam, necessariamente, a qualidade das suas músicas. Eu posso gostar das músicas (ou trabalhos, no geral) sem gostar do artista. E tá tudo bem.

Passou mais um tempo, baixei mais uma música do JB pro celular. "What Do You Mean" ficou na minha cabeça por dias sem parar, assim como "Sorry" (como essa música é viciante, plmdds). Foi quando eu percebi que tava na hora de deixar os preconceitos de lado e abrir a cabeça (e os ouvidos) pra essa nova fase do menino. 

Ouvi mais músicas do álbum Purpose, conheci o movimento e comecei a pesquisar mais sobre. Caí de paraquedas numas entrevistas concedidas à Ellen () e fiquei encantada com a química existente entre aquelas figuras diante dos meus olhos. Uma era loira, bonita e carismática. A outra era o Justin Bieber. E assim eu passei a até que gostar, de novo, de Justin Bieber. 

Ouço pelo menos uma vez por dia alguma música dele, indico pra todo mundo (inclusive consegui induzir meu namorado a curtir também. SCORE), assisto aos vídeos e fico encantada pelo quanto ele tá diferente. 

Às vezes a gente esquece que os artistas também são pessoas. Apesar de serem famosos, conhecidos por muita gente e com uma super exposição à mídia, eles também são pessoas que passam por fases turbulentas, melhoram, pioram e nem por isso significa que são os vilões da história. Essa passagem da adolescência pra vida adulta pode ser muito complicada pra algumas pessoas (a maioria delas, na verdade) e nos famosos a gente pode ver isso de forma mais clara e constante, mas não significa que seja um problema exclusivamente deles. A gente tem que parar de idolatrá-los como figuras de máximo poder e percebê-los com igualdade. 


Justin Bieber também sente insegurança, dúvidas e chora. Assim como você, assim como eu. E, convenhamos, ele também faz umas merdas inacreditáveis naquele cabelo, assim como eu sei que você também já fez, miga.

Miga, assim não tem como te defender

Em suma: as pessoas crescem, amadurecem...



... Ou quase isso.

*Títulos alternativos:
- Eu gosto de JB e tu que é feio?
- Eu gosto de JB e tu que fala mal na internet, mas ouve escondido?

Indicações muito amor: 

19 janeiro 2016

Jout Jout e flerte fatal


O canal da Jout Jout é um dos meus preferidos da vida porque eu amo demais tudo naquela mulher - desde seu bom humor intrínseco até sua forma de expor opiniões que são sempre muito válidas. Sendo assim, seria chover no molhado dizer que amei demais um vídeo dela, mas esse é especial e eu adorei tanto o tema que resolvi trazê-lo pra pauta do dia. 

O vídeo supracitado fala sobre o ato de flertar. Ou, no caso, o ato de não saber flertar. Jout Jout diva nos explica porque nós estamos fazendo isso errado e eu não poderia concordar mais com ela. 

Viver em sociedade é um grande desafio. Nos expomos diariamente a julgamentos por todos os lados: a roupa que a gente usa, as músicas que escutamos, nosso corte de cabelo, de quem somos amigos, com quem a gente namora... Enfim, tudo é alvo de julgamento e por isso é tão difícil encontrar um balanço entre nossos gostos e o que é "socialmente aceitável". Nesse sentido, nós passamos nossa vida inteira aprendendo a conviver com nossos defeitos, aperfeiçoando nossas qualidades e tentando fazer disso um equilíbrio saudável, mas o simples fato de levar um "fora" parece pôr à prova tudo isso que levamos anos pra construir. 

"Flertar" é algo tão saudável - ou pelo menos deveria ser - e às vezes as pessoas se esquecem de fazer isso direito, "sofrendo" exageradamente por pessoas desnecessárias que simplesmente não querem se relacionar com a gente do jeito que a gente é. Na maioria das vezes, nos esquecemos de que ninguém é obrigado a gostar do nosso jeito - sendo a recíproca verdadeira - e que não devemos, em hipótese alguma, nos amar menos por causa disso. 

"Levar um fora" não deveria baixar nossa auto-estima pelo simples fato de: somos pessoas diferentes com gostos diferentes e isso vale pra gosto musical, roupas e, pasmem, pessoas, sendo assim, não "fazer o tipo" de alguém não vai te tornar menos inteligente, bonito ou interessante. Aprender a conviver com isso é a chave para flertar de forma saudável e encontrar alguém que gosta de você pelo que você é. <3

15 janeiro 2016

Livros que eu gostaria de ler em 2016...

...  Mas que se eu não conseguir tá tudo bem.

Imagem de book, cat, and reading

1. A Seleção, Kiera Cass (lido em: janeiro)
2. A Elite, Kiera Cass (lido em: janeiro)
3. A Escolha, Kiera Cass (lido em: janeiro)
4. Isla e o Final Feliz, Stephanie Perkins (lido em fevereiro)
5. As Cinco Pessoas que Você Encontra no Céu, Mitch Albom (lido em maio)
6. Mentirosos, E. Lockhart
7. Paper Towns, John Green
8. Mulheres, Charles Bukowski
9. Homens sem Mulheres, Haruki Murakami
10. Garota Exemplar, Flynn Gillian
11. Fangirl, Rainbow Rowell (lido em fevereiro)
12. Mosquitolândia, David Arnold
13. Por Lugares Incríveis, Jennifer Niven
14. Dez Coisas que Aprendi sobre o Amor, Sarah Butler

Extras
Como Eu Era Antes de Você, Jojo Moyes (lido em abril)
Misery, Stephen King (lido em maio)
Doutor Sono, Stephen King (lido em maio)
Amor nos tempos de likes, Pam, Bel, Pedrugo (lido em outubro)
Anexos, Rainbow Rowell (lido em outubro)


          Eu escolhi esses 14 títulos de acordo com alguns critérios que me perseguem há algum tempo. Desde 2014 eu não tenho lido muito - pra falar a verdade, tenho lido pouquíssimo e isso me deixa frustrada. Eu sempre gostei muito de literatura e dava meu jeito de arrumar um tempinho para devorar livros, mas tenho usado a desculpa da faculdade para ficar preguiçosa nesse sentido. Esse ano eu preciso retomar as minhas leituras e arrumar um tempo pra refrescar a cabeça durante o semestre, sendo assim, nada melhor que criar uma meta. 

 Alguns dos autores presentes nessa lista são novidades pra mim e coloquei-os aí para conhecer um pouquinho do seu trabalho. Esse é o caso dos itens: 1, 2, 3, 5, 9, 10, 12, 13 e 14.

• Certos itens são leituras que comecei em 2015 (ou antes) e por algum motivo ainda não consegui terminar. Pretendo fazê-lo em: 4, 6, e 11. 

• Bukowski é um autor que eu admiro muito. Dito isso, não tenho medo de dizer que uma das minhas metas pra vida é ler toda a sua obra, mas por enquanto pretendo ler seu livro que mais me chama a atenção: 8.

• Sempre quis muito começar a ler livros em inglês, mas nunca tomei coragem para fazê-lo. Decidi começar esse tipo de leitura com um livro que eu já li em português e acho super divertido e fácil de entender: 7. 

       Não sei se vocês chegaram a reparar, mas essa lista é composta em maior parte por livros divertidos, leves, YA's... E acho que é exatamente disso que estou precisando no momento. Já li muitos clássicos - e pretendo continuar lendo vários deles ao longo da minha vida, é claro - mas, por hora, decidi descansar a mente e recorrer a leituras menos densas, que necessitem de menos esforço mental para entendê-las e aproveitá-las. 

A lista vai ficar aberta para futuras trocas ou acréscimos de livros (o que espero muito que aconteça) e vou atualizá-la a medida em que for lendo. 

Torçam por mim. 

07 janeiro 2016

Sobre fotografias e memórias


          Não lembro exatamente quando foi a primeira vez que ouvi "Photograph" do Ed Sheeran, mas a reconheci de imediato quando assisti ao clipe que estava passando na tv algum tempo depois. Foi impossível não me apaixonar pelo mini Ed dando seus primeiros passos com suas panturrilhas grossas, tocando violão e piano, além de ficar (mais) vermelho porque é tímido demais. Obviamente depois disso assisti ao clipe mais um milhão de vezes e, faísca atrasada que sou, só agora fiquei viciada na música. Antes tarde do que nunca, né, mores? 

          O caso é que eu sempre gostei de fotografia, desde que me entendo por gente. Adorava posar pras câmeras, mas também tinha meus momentos atrás delas. E isso permanece até hoje. Lembro nitidamente da primeira foto que eu tirei, ainda com uma câmera analógica. Naquela época - eu deveria ter, sei lá, uns 10 anos - as poses eram contadas e a gente tinha que torcer pra foto ficar legal. Era tudo meio que na sorte. O tal dia da primeira foto não era, ao contrário do que seria de se esperar, uma data comemorativa, aniversário ou algo assim. Era apenas um dia comum. Nós - minha família e eu - estávamos passando as férias de verão na nossa casa de praia e meu avô tinha acabado de trocar de carro. Quando ele chegou com o carro novo foi mostrando pra todo mundo com o maior orgulho do mundo e aquele momento foi tão ordinariamente especial que insisti muito pra tirar uma foto - eu tinha que registrá-lo de alguma forma. Então a foto ficou mais ou menos assim: eu pegando o carro de lado, meu avô na frente da porta do motorista, com o braço apoiado no vidro. Uma foto simples, sem um bom enquadramento, que passaria desapercebida no álbum não fosse pelas memórias que ela nos desperta. 

Talvez seja por isso que eu amo tanto fotografia: é a forma mais palpável que temos de guardar momentos - sejam eles naturalmente especiais, como datas comemorativas, ou especialmente naturais, como o mencionado acima. E definitivamente é por isso que eu amei a música - e o clipe - do Edinho: ela transforma em melodia tudo isso sobre o que estou falando até agora.

"We keep this love in a photograph
We made these memories for ourselves
Where our eyes are never closing
Our hearts were never broken
And time's forever frozen still"