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20 julho 2014

(+ que) só mais uma comédia romântica

You too, Joseph 
Eu queria um filme leve pra assistir nesse final de semana e acabei me deparando com Don Jon, cujo título foi traduzido horrivelmente para "Como Não Perder Essa Mulher", passando uma imagem completamente diferente do que realmente se trata a obra. Apesar de não ter gostado muito da premissa, eu só estava querendo descansar a mente e resolvi assisti-lo por motivos de: Joseph Gordon-Levitt, Scarlett Johansson e Juliane Moore.

Já adianto pra vocês que o filme não chega nem perto de merecer 5 estrelas, mas também não é aquela comédia romântica bobinha que estamos acostumados a ver por aí. A personagem da Scarlett, Barbara, é terrivelmente chata e nos apresenta, à primeira vista, uma visão "idealizada" da mulher perfeita: é bonita, bem vestida, tem uma carreira, dinheiro, dentre outras características, e é "viciada" em romances cinematográficos de tirar o fôlego. Jon, interpretado lindamente pelo amor da minha vida, é viciado em pornografia, frequenta a academia, cuida do corpo, costuma avaliar as mulheres que ele pega na balada seguindo uma pontuação de 1 a 10 e não se apega a ninguém. Acredito que aqui esteja a maior crítica do filme, mostrando de forma escrachada esses conceitos pré-estabelecidos dos gêneros feminino e masculino, principalmente instigando que pornografia é "coisa de homem" e filme romântico "coisa de mulher" - inserindo como contraste a personagem da Juliane Moore, Esther, que é mais velha, fuma e admite que assiste pornografia, quebrando toda a imagem de mulher idealizada.

Quanto ao enredo, preciso dizer que fiquei me contorcendo no sofá, louca pra que a Barbara sumisse logo da tela. Ela fica fazendo jogo duro, não quer ir para a cama com o Jon até ele a apresentar para os amigos, família, etc, não por ela não estar com vontade de transar com ele (ou por não querer que ele tenha uma "ideia errada" dela), mas porque ela simplesmente quer engatar um namoro e usa isso como trunfo. Tudo bem, cada um tem sua opção, dá quem quer. A questão é que ela força mesmo a barra, começa a impor condições e o bobinho do Jon (homens e suas cabeças de baixo pensantes) começa a ceder porque, Deus, aquela é uma mulher número 10 na sua escala e ele precisa dela, só dela. Ele até diz que a Barbara é a coisa mais bonita que ele já viu na vida, repetindo a frase em momentos pontuais do filme, nos mostrando a futilidade dela e de sua representação. Ela é linda, sim, isso é inegável, mas o que mais ela tem a oferecer?

Jon começa a fazer uma matéria na faculdade porque ele é barman e a namorada quer que ele trabalhe de terno e gravata. Ela o obriga a parar de assistir pornografia, não quer mais que ele limpe o próprio apartamento - que ele faz por gosto, diga-se de passagem - e uma série de outras coisas. Eles começam a namorar, ela é apresentada aos pais, aos amigos, eles finalmente vão para a cama e tal, mas toda essa relação, desde o começo, é totalmente unilateral. Barbara acredita que a maior prova de amor de um homem é mudar, por ela, tudo o que ela acha que está errado, mas não enxerga que a própria também tem vários defeitos - que agora começam a aparecer - e que também precisa mudar, porque, diabos, isso é uma relação! Precisa haver troca, mutualidade, crescimento, enfim...

Bem, o filme cumpre muito bem o papel de satirizar e brincar com esses tipos de homens e mulheres que nos são enfiados goela a baixo como ideais, padrões, nos mostrando como uma mulher nota 10 pode ser incrivelmente chata e como as relações não devem se basear em uma troca unilateral de conhecimento, amadurecimento, essas coisas. Além disso, fala sobre entrega pessoal, sobre se descobrir dentro de um relacionamento e perceber que muitos dos nossos vícios são reflexos de problemas do nosso interior, cabendo a nós descobri-los e resolvê-los. 

Por fim, eu recomendo a obra pra quem, assim como eu, estava procurando algo leve e descontraído, mas já aviso que tem algumas cenas bem constrangedoras - o Jon é viciado MESMO em pornografia. Em compensação, também tem umas bem bonitinhas. Vale à pena assistir. 

Nunca chegarão aos pés de Clarice e Dr. Lecter, mas tá valendo. 

8 comentários:

  1. Eu já assistiria por ser comédia romântica e pela Ju Moore, mas com sua resenha bateu mais curiosidade, hehe ;)

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  2. Realmente foi desastrosa a tradução que fizeram do título desse filme. Ainda não o vi Brendha, mas, depois da sua análise, interessei-me mais para vê-lo. Outro fator que me motiva é a presença de atores que eu adoro.

    Já que você gosta bastante do Joseph Gordon-Levitt, você já viu (500) Dias Com Ela e Looper?, são dois filmes que me fizeram admirar esse ótimo ator.

    Você disse que o filme não merece 5 estrelas, então quantas você daria?

    A propósito, eu assisti Medianeras e devo dizer que gostei muito, é um retrato ágil, sincero e envolvente das relações pessoais na Era da internet. Valeu pela dica ;-)

    Beijos

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    1. Ah, fico tão feliz quando as pessoas se interessam pelas minhas indicações! Espero que você goste do filme.

      500 dias com ela é um dos meus filmes preferidos. Looper ainda não, mas quero assistir!

      Eu daria umas 3, no máximo. É um bom filme, a trilha sonora é razoável, a atuação é boa, o enredo, mas não é nada extraordinário, sabe?

      Ahhh, fico muito feliz que você tenha gostado. Sério. <3

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  3. Olá Brendha..
    Antes de mais nada, eu gostaria de AGRADECER seu comentário lá no blog. Não costume responder comentários no meu próprio blog, mas o seu com certeza será um que vou responder lá mesmo.
    Que felicidade saber que uma pessoa "LEU" a postagem e entendeu o que eu quis dizer. Reli a postagem (porque minha net está uma droga e não estava querendo postar) e acabei me confundindo comigo mesma. Achei que a postagem ficou confusa, mas.. ao mesmo tempo, não consegui mudá-la, rs. Era exatamente o que eu estava sentindo, e você compreendeu, rs.. Mais uma vez, obrigada pelo carinho!

    Agora, falando sobre a SUA postagem, rs..
    Eu não sei se por que não conhecer o filme, nem por comentários, mas a sua "resenha/opinião" me atraiu muito, o que me deixou com vontade de assistir.
    As vezes algo assim, simples e "banal" é o que precisamos para nos descontrair.
    Indicação anotada com sucesso :)

    ♥ Super beijos, Lu
    http://luizando.blogspot.com.br

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    1. Ah, Lu, fico tão contente que tenha gostado do comentário. Eu sei o quanto é chato alguém comentar sua postagem dando a impressão de que nem leu, por isso faço questão de exagerar mesmo, melhor pecar pelo excesso do que pela falta, já dizia a minha avó, hauhauahua. Eu também escrevo muitas coisas que parecem confusas, mas acho que é a forma mais sincera que temos de nos expressar e publicar esses textos (e comentários também) confusos passa nossa real personalidade, é bom.

      Ah, fico feliz que tenha se interessado. Essa é minha intenção.
      Verdade!
      Sempre bom dar um ar pra cabeça. Gosto de filmes densos, mas às vezes é bom relaxar.

      Obrigada pela visita!

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  4. Nunca havia escutado falar desse filme, vou procurar depois =)
    Adoro o Joseph, o modo como ele sorri é tão lindo e verdadeiro *o*
    amo s2
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