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09 junho 2014

Lolita



Clique aqui para ouvir a trilha sonora desse post, porque o gênio aqui não conseguiu colocar um player com a música.

Prepara a pipoca e o refrigerante (café, no meu caso), se ajeita na cadeira - ou na cama, porque com esse frio ninguém merece ficar congelando fora das cobertas - e senta que lá vem história!

Comecei a ler o livro "Lolita" esses dias e ele é tão bem escrito, mas TÃO BEM escrito, que seria impossível eu não abrir um mega parênteses pra dizer que eu queria ter, sei lá, 1/3 da capacidade que o Nabokov tem de se expressar, detalhar as cenas e criar personagens tão profundos. Sério. A leitura flui maravilhosamente bem e uma frase aparentemente simples, uma ação rotineira, um mero detalhe nas mãos do escritor vira poesia. Ele escreve de uma forma extremamente rica e isso faz com que você consiga imaginar a cena na sua cabeça - e no filme dá pra tirar a prova, pois foram pouquíssimos os detalhes que diferiram entre a obra escrita e o filme de 62, dirigido pelo Kubrick. Mas como ainda não terminei de ler o livro (só dei uma espiadinha nas últimas páginas de leve), vou comentar minhas impressões exclusivamente sobre o filme, fazendo eventuais comparações.

Ainda antes de começar, gostaria de dizer que: sim, o filme é todo em preto e branco. Sim, a qualidade da imagem não é das melhores, assim como o áudio. E, sim, ele poderia muito bem ser um filme pro qual você torceria seu narizinho se estivesse passando no Telecine Cult. Mas peço, por favor, que não deixe esses detalhes lhe impedirem dar uma chance à obra. Vale até recorrer ao mais recente, de 97, mas não deixe de fazê-lo. Ok? Ok.

Agora, sim, podemos ir para a análise. 

A obra é narrada em primeira pessoa - tanto no livro quanto no filme - pelo professor de literatura francesa Humbert Humbert e isso é um ponto que eu não poderia deixar de comentar. Tendo em vista sua sanidade mental questionável, não confio totalmente nos fatos expostos. Ele pode ter alterado uma coisinha aqui e ali a respeito das atitudes de Lolita, exagerado em seu comportamento "nymphet", mas mesmo assim basearei minha tese levando em conta a veracidade dos fatos expostos por ele. 

Dolores Haze, Lo, Lola ou simplesmente Lolita, é uma garota de 12 anos, o pai já falecido, que mora com sua mãe, Charlotte Haze. Elas aparecem na narrativa quando Humbert precisa alugar um quarto para ficar e acaba chegando à casa delas seguindo indicações. O nosso querido professor não se vê inclinado a ficar na "pousada", visto que a mamãe Haze é espalhafatosa, chata, fala demais e [insira defeitos aqui], mas ao conhecer o jardim da casa ele decide, rapidamente, que encontrou seu lugar. Assim, sem motivo aparente...


Eu disse jardim? Sem motivo aparente? Ah, claro. Quase me esqueço de mencionar o detalhe da foto acima. Na sua visita ao jardim, Humbert se depara com essa cena. E a mamãe Haze ainda pergunta qual o fator decisivo para que ele optasse por ficar hospedado ali. Pobre mulher. Será que ela não se deu conta que as belíssimas flores da primavera encantaram o professor?

O fato é que, como mencionei lá em cima, Humbert pode muito bem ter manipulado os fatos, mas que Lolita era uma menina com a sexualidade aflorada, ah, isso não se pode negar - principalmente em suas atitudes no filme. Aliás, ela também era bem espertinha, irônica, mimada e egocêntrica, além de engraçada demais. Os diálogos entre ela e a mãe são impagáveis. Porém, se ela fosse minha filha, deixo claro pra vocês, não haveria "Lei da Palmada" que me impediria de dar uma boa surra na garota (faltou chinelo pegando, hein, dona Haze?). Em todo caso, como não sou personagem do Nabokov mas sim Charlotte, inteligente como era (só que não), boa mãe e tudo o mais (só que não, só que não), resolveu que a melhor saída para lidar com a (lê-se: se livrar da) filha rebelde era nada mais nada menos do que, tchanãnãnanã, suspense no ar, enviá-la para um acampamento só para meninas e, depois disso, matriculá-la em um colégio interno para ficar lá tipo, sei lá, o resto da vida. Que amor de mãe, né gente? 

Mas tudo bem, prossigamos. Charlotte se declara para Humbert através de uma carta, meio que desejando que ele fique, meio que expulsando ele da pensão, pois não dava mais para viver-com-ele-sem-possuí-lo. Ele ri sadicamente da carta, mas não vai embora, pois está apaixonado demais por Lolita para deixá-la (de boas, né? Falo isso como se fosse a coisa mais normal do mundo, enfim, é grotesco). Sentindo a obrigação lhe puxar pelo calcanhar, Humbert toma postura e decide ficar - com Charlotte, por Lolita. Eles se casam e, logo após, em um fatídico acidente a mais nova Sra. Humbert acaba morrendo, poupando nosso protagonista de sujar suas lindas mãozinhas em um homicídio (sim, ele estava planejando o crime perfeito que não saia de sua mente doentia). Enquanto isso Lolita estava no acampamento. Após os acontecimentos, "Papai" Humbert vai correndo buscar a menina e decide partir em uma série de viagens, só os dois, sem contar para ela que agora ela era órfã de pai e de mãe. Um mero detalhe, não é mesmo? Quem não esqueceria de mencionar?

Tá bom, Lolita, eu prometo. Mas e você, seu pequeno diabo, promete também?
Lá para as tantas, ele acaba se vendo obrigado a desmentir que Charlotte estava no hospital e a menina Lolita cai em prantos. A mãe era odiosa, insegura, irritante, desequilibrada, mas ainda assim era sua mãe. Lo pede que Humbert não a abandone, pois era melhor ficar com ele do que ir para um abrigo para crianças órfãs - palavras da própria - e nosso protagonista acredita estar vivendo um sonho, afinal, aquela era a declaração de amor que ele sempre quis ouvir. Sabe de nada, inocente.

Já me estendi demais, mas realmente fiquei empolgada com o filme e seus personagens. São, como eu já disse, tão profundos que parece que pulam da tela pra conversar com você. 

Professor Humbert Humbert é um cara inteligente, com uma voz cordial e até seria um partidão se não fosse completamente maluco e repulsivo. Confesso que eu gostaria que ele lesse pra mim (com seus comentários, pfvr) um poema de Edgar Allan Poe, assim como ele fez para Lo, se eu não soubesse que ele é um sádico do pior tipo.

E a trilha sonora, gente? E as roupas, os cenários, tudo, em si, que me fizeram sentir, de fato, nos anos 60? Quase peguei um vestido rodado e saí por aí dançando (não), porque essa época foi muito amor (sim). Por isso recomendo assistirem a essa versão do filme, o preto e branco vira charme e nas quase 3 horas de filme seus olhos não desejam ver outra coisa se não o que irá acontecer com os personagens.

Eu fiz minha parte, comentei detalhes com vocês e passei minhas impressões, mas pra conhecer melhor os outros personagens, a trama em si e tal, você PRECISA ir correndo assistir ao filme e ler o livro. É impossível resumir em uma mera análise todas as sensações que a obra transmite. É uma história polêmica, sim, mas tem toques de bom humor, ironia, sadismo, basta que você vá assisti-la de mente e coração abertos. 

Ah, quase ia me esquecendo...

Eu disse que parece que os personagens são tão reais que parecem pular da tela pra conversar com você, né? Numa dessas saídas a Lolita veio falar comigo e deixou um recadinho pra você, especialmente você, que passa no blog e não comenta:



Brincs,
Lolita te despreza.

7 comentários:

  1. rsrs - Brendha, td bom? Não conhecia seu blog, vim lhe visitar, gostei e virei sua seguidora, e nem se preocupe, estarei sempre que puder aqui comentando e prestigiando seu trabalho =)
    Esses filmes de época remete a uns trabalhos que ando estudando sobre as maquiagens antigas, de fato elas parecem meeeesmo saltitar das telas, e bacana que naquela época já havia tanta expressividade! rs =)
    Convido vc a conhecer meus cantinhos! =)

    Bjs e uma linda semana!
    Meu blog: http://thaiscavalcantemodaebeleza.blogspot.com.br/

    Minha FANPAGE: https://www.facebook.com/publicitariaqueblogamodelaemaquia

    Instagram: @thaislsc

    Vídeo novo!

    https://www.youtube.com/watch?v=wAMe0KwDv6I

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  2. Obrigada pela visita, Thaís, volte sempre mesmo, aguardarei novos comentários!

    São lindas, né? Tanto as maquiagens como a moda em geral, eu acho tudo lindo! Sou apaixonada por essa época.

    Vou passar no seu blog sim.

    Beijo!

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  3. Oi Brendinha, tudo bem?
    Olha, Gosto de tipo de filmes que os personagens tipo falam com a gente mesmo! Mas não entendi muito bem, tem o livro é?

    Espero sua visitinha :)
    www.pequenamenina31.blogspot.com.br

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    1. Oi, Patrícia, tudo sim e contigo?
      Eu também adoro! E "Lolita" é muito assim. Você consegue enxergar os personagens se materializando e tomando vida, é incrível. Ah, tem livro sim.

      Vou visitar sim!
      Beijo!

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  4. Nunca ouvi falar, mas o nome Lolita já me chamou a atenção pois é bem parecido com o nome da minha cachorrinha Lola. Adorei o post!

    http://loouisinha.blogspot.com.br/

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  5. Nunca tinha ouvido falar sobre este livro e achei á proposta bem legal. Adorei o post e fiquei com vontade de ler...

    Beijos, Quero Sonhar! [post novo]

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    1. Que bom! Essa era a intenção.
      Obrigada pelo comentário, volte sempre.

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