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13 outubro 2014

Bomba atômica

Manhattan (1979)
Eu também não consigo (mais) expressar raiva, meu caro Isaac. Esse é o meu problema também: internalizar as coisas, guardar pra mim, não falar...

Não sei você, Allen, e nem vocês, leitores, mas eu tenho um histórico de desastres que foram causados por eu falar o que eu penso sem passar por aquele filtro do que é socialmente aceitável. Eu sempre acabo estragando as coisas por falar demais ou por ser sincera demais, corajosa demais, enfim, tudo demais. Extremism sucks. Por isso eu resolvi deixar de ser. Dar uma pausa, tirar umas férias, sabem como é.

Porque acontece que as pessoas não suportam intensidade, não suportam ouvir umas verdades na cara, não aceitam que são humanas e erram, mas que podem aceitar críticas construtivas e crescer, melhorar. É que é muito mais fácil simplesmente fechar a cara, virar as costas e achar que errado é quem não concorda com suas ideias e atitudes - no maior estilo "teimoso é quem teima comigo" e nesse quesito eu sou meio assim, também, mas só quando eu tenho certeza ABSOLUTA de que estou certa (o que é meio que sempre, mas vá lá). Por isso eu cheguei à conclusão de que é melhor ficar quieta, às vezes. Evita situações assim. Evita tretas. Evita discussões acaloradas para as quais eu não tenho mais saco. Evita pessoas tendo que levantar o tom de voz porque não têm argumentos válidos. Evita eu querendo descer do salto e enfiar meus argumentos goela abaixo. Eu até diria que evita dor de cabeça, no sentido figurado, mas seria uma péssima ironia.

Daí que pensando nisso tudo eu resolvi que nesse semestre eu iria invocar meu Buda interior, mentalizar uns mantras, bem good vibes, respirar fundo e aquela história de contar até 10 antes de perder o controle. Prometi pra mim mesma que não iria me estressar. Colegas de 20 anos ou mais agindo como crianças do primário? I pass. Professores irritantes que se acham os bam-bam-bans mas não sabem nem lidar com um retroprojetor ou postar a droga da nota no sistema? Pass. Colegas reclamando sobre eu não passar cola e me chamando de individualista. P-A-S-S. Irmão com o dom de me tirar do sério. PA-PA-PASS. Me preocupar com notas? Puff, pass. Sempre mentalizando aquela praia bonita, com ondas quebrando e lambendo a areia, aquela espuminha branca, céu azul, etc... Cês querem saber de uma coisa? Isso tudo funcionou. Até não funcionar mais...

Não lembro bem quando começou, mas no meu caso não foi um tumor eu acho que cresceu, foi uma espécie de alergia, brotoeja, sei lá. E, como se não bastasse, me bateu uma dor de cabeça insuportavelmente paralisante, daquele tipo que impede você de ter qualquer pensamento, porque até pensar dói. E isso tá me deixando louca. 

Haja paracetamol, queridos. E haja fígado pra tanto paracetamol! Pois é, não tá fácil pra ninguém.

Agora vejam só vocês: estamos no começo de outubro e eu não consigo não pensar naquela velha frase que meu professor de matemática do Ensino Médio costumava falar: CHEGA, NATAL! E acrescento uma que vem sendo minha citação favorita: ACABA, SEMESTRE. Porque não tá fácil. Tanto estresse, tanta coisa acumulada que tenho medo de um belo dia explodir (de tanta dor de cabeça ou de cansar de guardar meus pensamentos pra mim e jogar tudo na cara das pessoas, sem brincadeirinhas irônicas ou sem falar de forma sutil). Porque tem umas pessoas que simplesmente não entendem quando estão sendo inconvenientes E CHATAS. E, sinceramente, falar em forma de conselho é pedir pra não ser ouvida. Então, queridos, espero que vocês não estejam por perto quando eu resolver dar umas férias pro meu Buda e jogar pro alto toda essa serenidade que eu venho tentando aderir. 

Mas, até lá, vou desabafando aqui no blog e assistindo aos filmes do Woody Allen que são sempre um "eu tô na merda, mas nem tanto quanto esse personagem, então blz, fera".

Annie Hall (1977) E eu pensando que na faculdade as coisas seriam melhores... 

3 comentários:

  1. Eu tenho uma ideia do que você esteja sentindo Brendha, eu já passei por isso inúmeras vezes na faculdade. As coisas não melhoram lá, só pioram, as cobranças são maiores, a maioria dos professores não se importa, as panelinhas são nítidas, a concorrência é maior, e o pior é que quem estuda é quem mais sofre, pois esses não conseguem ser como aqueles que colecionam DPs e não se importam com nada.

    Bom, o estresse é inevitável, mas acho que devemos pensar muito antes de gerar um conflito com alguém, pois, na maioria das vezes, não leva a lugar nenhum... Na faculdade eu costumava ignorar essas pessoas e ficar na minha, funcionou pra mim, talvez funcione para você rs

    Os filmes do Woody Allen são sempre revigorantes

    Melhoras Brendha, beijos

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  2. eei! to passando rapidinho pra dizer que te indiquei pra uma tag! vim voando e vou voltar voandooo... beijinho!

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  3. Meu, sei como é isto, em partes, mas na real, segura não, deixa rolar, bate de frente e atropela tudo, digo, segurar não é bom, como tu disse, quando explodir, vai ser foda. Não tente mudar sua natureza, pois tu não vai se adaptar, o ser humano não se adapta a nada, tenta adaptar tudo a si. Entende?

    Isso aí! rs
    xoxoxo

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