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16 junho 2014

Chega, sábado!


Segunda-feira, 6 horas da madrugada manhã. 

O despertador tocou. Controlando minha vontade de jogá-lo longe, abri os olhos e calmamente o desativei.

Não sei como ou quando isso aconteceu, mas reparei que adquiri o costume de dormir com a janela fechada só no vidro pra ficar mais fácil de ser acordada pela luz da manhã, mas hoje, quando olhei através dela, pude ver apenas o céu embebido em escuridão. Desejei com todas as minhas forças poder ficar dormindo até mais tarde. Não podia. Conformada, levantei e comecei a me arrumar. Um pouquinho de pó compacto pra esconder as olheiras e o mal-humor matinal; café preto e forte pra manter os olhos abertos e vamos lá.

Cheguei ao ponto de ônibus, sentei no banco e fiquei esperando, como de costume. Estava frio. Muito frio. Ainda não havia nem sinal de sol. Ao longe, vislumbrei uma silhueta se aproximando. Uma mulher. Ela sentou-se ao meu lado, me cumprimentou com um BAITA sorriso e eu retribui com um mostrar de dentes, tentando parecer educada. Nota mental: quem diabos acorda sorrindo numa segunda-feira? Enfim. Voltei minhas atenções para a prova que teria que fazer dali alguns minutos. Micro. Como era mesmo o conteúdo? Vírus, hepatites virais, vacinas, exam... De repente, sou desperta de minhas divagações. O ser ao meu lado, não bastasse SORRIR pela manhã, resolveu que seria uma boa ideia ligar o som do celular, sem fones de ouvido, e começar a CANTAR. Isso mesmo, senhores, CANTAR desafinadamente, diga-se de passagem. Respirei fundo e invoquei meu Buda interior.

Desviei minha atenção do cover de Wanessa Camargo até que, FINALMENTE, o ônibus chegou. Fui para a aula, fiz a prova e sem comentários. Terminei a prova e pude voltar pra casa. Mais uma vez fiquei esperando o ônibus no ponto e nenhuma figura relevante apareceu. Achei que estava livre das eventuais situações desagradáveis e estava, por hora. Mas lamento informar que meu sossego não durou muito.

O ônibus chegou, escolhi meu lugar, sentei confortavelmente e, para evitar eventuais "shows" que pudessem acontecer, coloquei meus fones de ouvido no último volume.

As pessoas continuavam subindo logo atrás de mim, sentando em seus lugares e em determinado momento eu vejo, andando em minha direção, uma criatura trajando um micro-shorts, que em nada combinava com o clima que estava fazendo, e uma regatada com os dizeres "MEIGA E ABUSADA" que, convenhamos, não combina com clima algum - nem escondida embaixo de três jaquetas. Mas até ai tudo bem, gosto é gosto. Ela sentou em alguma poltrona atrás de mim e ficou ali quietinha. Não teríamos Anitta sendo recitada em voz alta, ufa. Respirei aliviada. Até começar a ouvir uma conversa....

Foi sem querer, juro, inclusive eu ainda estava ouvindo música nos fones, mas a pessoa fazia questão de gritar - ela estava sentada em uma das poltronas no meio do ônibus e seu interlocutor era ninguém menos que o MOTORISTA. Não abaixei o volume dos fones, mas ainda assim peguei um trecho da conversa: "ele gosta de mim. Só de mim. Ah, e da mulher dele". A criatura falava sobre seu affair com um dos cobradores da tarde, o Galego, e o motorista enchia a bola do colega. Homens. Isso assim, de boas, no meio do ônibus lotado. Pra todo mundo ouvir. Gente é mesmo um bicho estranho, né?

Logo chegou o ponto em que a gatinha-do-Galego tinha que descer e lá se foi ela acompanhada de seu tom de voz estridente. O motorista mal esperou ela desaparecer de vista e começou a destilar seu veneno, rindo do pobre coitado do namorado da moça e alegando que o Galego estava podendo. Beleza. O cobrador da vez, que não era o Galego e não estava podendo, virou as costas e foi fazer seu serviço, enquanto, ao fundo, o motorista continuava falando sozinho e, posteriormente, contando uma piada (?). Perdi os gracejos, mas antes de descer eu pude ouvi-lo comentar: "hahahaha, essa foi boa, eu sou demais!" e depois emendou um "chega, sábado!"

O que posso dizer além de concordar com a frase do poeta da vida urbana? Nada, né? 
Então vide título do post e tenhamos todos uma boa semana, porque se não tá fácil pra gente, imagina pra mulher do Galego.

2 comentários:

  1. Antes de tudo: meu feedly não está acompanhando seu ritmo de postagens porque não apareceu essa lá. Vou dar um jeito nisso, amo ver blogs movimentados!

    Ah os gracejos de se andar de ônibus. Faz um tempo que não ando em um porque já fui atropelada num terminal, daí fiquei meio noiada/angustiada/traumatizada e não consigo me aventurar mais nesse meio de transporte por medo de morrer mesmo. Mas ônibus sempre tem dessas, né? Gente louca é o que não falta. Gente que expõe a vida pra um monte de estranhos, gente que não sabe respeitar a paz do ônibus e gente que faz questão de se manter fora de órbita. Aliás, janela de ônibus é o melhor lugar do mundo pra se pensar na vida, né?

    Imagino que sua segunda não tenha sido fácil, mas há de passar. Te desejo menos gente interrompendo a sua paz interna. hahah

    Beijos :D

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    1. Oi, Larie, que bom te ver por aqui!
      Pois é, final de semestre, milhões de trabalhos, provas e TUDO fica mais interessante do que estudar. Meu escape: escrever textos. UHAUHAUHUA Quer ver que nas férias o ritmo vai reduzir? Espero que não. Enfim.

      Ônibus é mesmo um dos locais mais engraçados pra gente colher histórias. Sempre tem alguém contando alguma coisa, sem se preocupar com os ouvintes que descem no próximo ponto. Apesar dos infortúnios, sempre dá pra rir um pouquinho, esse é o ponto positivo.

      Não foi, mesmo, mas tudo bem. A gente supera. haha Obrigada!!!

      Beijo!

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