Dia desses eu estava indo almoçar com as minhas amigas num restaurante perto da faculdade logo após uma clínica daquelas. Abro um mega parêntesis pra esclarecer que quando digo clínica daquelas, quero dizer: dias em que tudo acontece. Paciente que não vai fazer a cirurgia pois está ~naqueles dias~ (sim!), paciente que alega não escovar os dentes porque teve que usar a escova pra engraxar o sapato (simmm!!), paciente que não deixa o filho receber tratamento odontológico porque acha que sabe mais que o dentista... Enfim, podemos ficar aqui o dia todo. O fato é: estávamos exaustas, com fome, conversando e rindo sobre as bizarrices cotidianas, até que reparamos algo de diferente na paisagem habitual. Vários postes (praticamente todos) próximos ao nosso bloco estavam adornados com folhas impressas - nelas tinham algumas frases tipo essa da foto acima - e eu achei isso muito legal. Afinal, às vezes tudo o que a gente é tirar 10 segundos pra ler algo interessante, nem que seja no meio da rua, dar uma risada ou parar pra pensar sobre alguma outra coisa e seguir caminhando.
Assim que nós vimos a frase, o reflexo das minhas amigas foi apontar imediatamente o celular pra fazer um snap. Cara, o que foi que a gente se tornou? Quando registrar um snap ficou mais significativo do que comentar sobre a frase com as pessoas que estão ali do nosso lado?
Aí vocês podem pensar "miga sua loka vc também tirou foto da frase e tá fazendo um post sobre isso" e digo que ok, vocês têm seu ponto. Mas o que eu quis foi justamente pegar esse momento como exemplo pra tocar nesse assunto que tanto me assombra. Bati a foto delas batendo o snap não pra ficar uma inception legal que ganharia curtidas do instagram (eu postei no insta sim, não serei hipócrita, mas a intenção principal não era essa) e sim pra apontar o que virou rotina: registrar qualquer coisa no snap, instagram, facebook e twitter primeiro pra depois aproveitar, de fato.
É claro que não dá pra generalizar, inclusive eu acredito que não me encaixo nesse perfil de pessoa louca dos snaps, mas vocês entenderam. E tudo o que eu vejo é que as pessoas são, realmente, suicidas e o pior de tudo é: na maioria das vezes sem perceber.
Outra frase que a gente deve tatuar na testa pra ver se as pessoas entendem, de uma vez por todas. Por mais óbvio que seja, tem gente que não consegue levar esse lema pra vida e se preocupa exacerbadamente com coisas que não importam. Gente, desencana. O importante é o que importa. O resto é sobra.
Além desses, esbarramos com vários outros postes estampados com várias outras frases e é claro que as pessoas da região também passaram por ali e fizeram questão de rechear o feed do facebook com fotos disso. É incrível ver como as pessoas estão mais interessadas em compartilhar as frases do que enfiá-las na cabeça (ou pesquisar de que livro é a frase pra pode ler, enfim). Isso me lembrou o vídeo "Biblioteca", do Porta dos Fundos (em que o cara tem uma biblioteca em casa só porque acha bonita a estante lotada) e é basicamente por isso que resolvi escrever. Algumas pessoas estão preocupadas apenas com o que os outros acham delas (nossa vão me achar cult pois estou postando uma frase no face) e isso me frustra. Demais.
Todo esse papo me lembrou do primeiro dia de aula. O professor meio que tomado pelo espírito 1ª série do ensino fundamental quase mandou a gente fazer um desenho sobre nossas férias, mas por um descuido apenas fez uma enquete rápida pedindo pra levantar o dedo quem 1. tinha viajado nas férias, 2. tinha ido a festas nas férias, 3. tinha lido ao menos um livro nas férias. Nem preciso dizer que só eu e o prof levantamos o braço na última e isso sempre me deixa pra baixo. Eu sabia que todos os meus colegas tinham viajado e saído bastante nos últimos meses porque suas redes sociais não me deixavam ignorar isso nem que eu quisesse. Mas poxa, nem um livrinho?
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Sei que o texto tá desconexo. Sei que as ideias estão mal organizadas. Sei que posso reler depois e ver que falei um monte de bobagens, mas eu precisava escrever alguma coisa e foi isso que saiu. Saudades.