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14 novembro 2015

O importante é o que importa


Dia desses eu estava indo almoçar com as minhas amigas num restaurante perto da faculdade logo após uma clínica daquelas. Abro um mega parêntesis pra esclarecer que quando digo clínica daquelas, quero dizer: dias em que tudo acontece. Paciente que não vai fazer a cirurgia pois está ~naqueles dias~ (sim!), paciente que alega não escovar os dentes porque teve que usar a escova pra engraxar o sapato (simmm!!), paciente que não deixa o filho receber tratamento odontológico porque acha que sabe mais que o dentista... Enfim, podemos ficar aqui o dia todo. O fato é: estávamos exaustas, com fome, conversando e rindo sobre as bizarrices cotidianas, até que reparamos algo de diferente na paisagem habitual. Vários postes (praticamente todos) próximos ao nosso bloco estavam adornados com folhas impressas - nelas tinham algumas frases tipo essa da foto acima - e eu achei isso muito legal. Afinal, às vezes tudo o que a gente é tirar 10 segundos pra ler algo interessante, nem que seja no meio da rua, dar uma risada ou parar pra pensar sobre alguma outra coisa e seguir caminhando. 

Assim que nós vimos a frase, o reflexo das minhas amigas foi apontar imediatamente o celular pra fazer um snap. Cara, o que foi que a gente se tornou? Quando registrar um snap ficou mais significativo do que comentar sobre a frase com as pessoas que estão ali do nosso lado? 

Aí vocês podem pensar "miga sua loka vc também tirou foto da frase e tá fazendo um post sobre isso" e digo que ok, vocês têm seu ponto. Mas o que eu quis foi justamente pegar esse momento como exemplo pra tocar nesse assunto que tanto me assombra. Bati a foto delas batendo o snap não pra ficar uma inception legal que ganharia curtidas do instagram (eu postei no insta sim, não serei hipócrita, mas a intenção principal não era essa) e sim pra apontar o que virou rotina: registrar qualquer coisa no snap, instagram, facebook e twitter primeiro pra depois aproveitar, de fato. 

É claro que não dá pra generalizar, inclusive eu acredito que não me encaixo nesse perfil de pessoa louca dos snaps, mas vocês entenderam. E tudo o que eu vejo é que as pessoas são, realmente, suicidas e o pior de tudo é: na maioria das vezes sem perceber.


Outra frase que a gente deve tatuar na testa pra ver se as pessoas entendem, de uma vez por todas. Por mais óbvio que seja, tem gente que não consegue levar esse lema pra vida e se preocupa exacerbadamente com coisas que não importam. Gente, desencana. O importante é o que importa. O resto é sobra. 

Além desses, esbarramos com vários outros postes estampados com várias outras frases e é claro que as pessoas da região também passaram por ali e fizeram questão de rechear o feed do facebook com fotos disso. É incrível ver como as pessoas estão mais interessadas em compartilhar as frases do que enfiá-las na cabeça (ou pesquisar de que livro é a frase pra pode ler, enfim). Isso me lembrou o vídeo "Biblioteca", do Porta dos Fundos (em que o cara tem uma biblioteca em casa só porque acha bonita a estante lotada) e é basicamente por isso que resolvi escrever. Algumas pessoas estão preocupadas apenas com o que os outros acham delas (nossa vão me achar cult pois estou postando uma frase no face) e isso me frustra. Demais. 

Todo esse papo me lembrou do primeiro dia de aula. O professor meio que tomado pelo espírito 1ª série do ensino fundamental quase mandou a gente fazer um desenho sobre nossas férias, mas por um descuido apenas fez uma enquete rápida pedindo pra levantar o dedo quem 1. tinha viajado nas férias, 2. tinha ido a festas nas férias, 3. tinha lido ao menos um livro nas férias. Nem preciso dizer que só eu e o prof levantamos o braço na última e isso sempre me deixa pra baixo. Eu sabia que todos os meus colegas tinham viajado e saído bastante nos últimos meses porque suas redes sociais não me deixavam ignorar isso nem que eu quisesse. Mas poxa, nem um livrinho? 

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Sei que o texto tá desconexo. Sei que as ideias estão mal organizadas. Sei que posso reler depois e ver que falei um monte de bobagens, mas eu precisava escrever alguma coisa e foi isso que saiu. Saudades. 

10 outubro 2015

Últimos lidos e assistidos


Se tem uma coisa nessa vida de universitária que me cansa, além das provas e do esgotamento emocional e mental em ter que lidar com c-e-r-t-a-s pessoas, é a falta de tempo. Claro que durante as férias posso tirar quase todo o atraso e fazer tudo o que não pude durante o período letivo, mas, vocês sabem, às vezes é impossível não parar tudo numa quinta-feira à noite pra assistir Grey's Anatomy. Mesmo tendo aula na sexta de manhã. 

Ultimamente eu tenho me permitido alguns luxos (tipo assistir séries no meio da semana) porque minha sanidade mental vale mais do que nota 10 em todas as provas. Não consigo mais nem me sentir culpada. E é sobre o que ando assistindo e lendo que venho falar hoje. Bora mostrar cultura pra esse povo? (risos) (só o tempo que perco no facebook que tenho certeza que não vale mais do que um 10 em uma prova, mas faz parte).

Lidos

Fazia sé-cu-los que eu não lia nada. Não por falta de vontade e talvez até nem por falta de tempo. A questão maior é que eu odeio e-books - prefiro mil vezes o livro físico e prefiro ainda mais quando o livro físico é meu. Infelizmente a situação não tá fácil e pra adquirir novos livros vai demorar um pouquinho, portanto, resolvi parar de frescura e baixei um bilhão de arquivos de em pdf mesmo. Até então li apenas 3, mas tenho mais 2 que estão sendo lidos e em breve terminados. Assim espero. 

1. O Pequeno Príncipe 
Todo mundo falando do filme, que é só amor, e eu senti aquela pontinha de vergonha por nunca ter lido essa obra essencial. Acabei lendo e amando, como já era de se esperar.

2. Não se apega, não 
Apesar da minha relação de amor e ódio com a Isabela Freitas, minha maior motivação para ler seu livro foi saber que ela vai ganhar uma adaptação pra TV. Vi os atores escolhidos para os personagens e o bafafá sobre eles serem parecidos ou não com o que os leitores estavam imaginando. Resolvi ler para ter minha opinião sobre o assunto. Sobre minha relação com a ~Isa: gosto de vários textos que ela posta no blog e adoro alguns vídeos, mas, em contrapartida, tem uns que não consigo nem assistir (ou ler) até o final e com seu primeiro livro foi a mesma coisa. Alguns capítulos fluíram bem, outros nem tanto. Acho que eu estava esperando demais da obra (devido aos comentários positivíssimos que ouvi a respeito), mas não achei essa coca cola toda não. Por um lado, foi interessante conhecer um pouquinho mais sobre a autora, seus pensamentos e sentimentos, mas achei algumas partes bem contraditórias e alguns personagens nem são tão cativantes assim. Sobre a adaptação pra TV: não achei os atores muito parecidos com o que imaginei. Vamos ver como eles se saem interpretando.

3. Projeto Rosie 
A premissa do livro é muito interessante e já fazia muito tempo que eu queria lê-lo. Mesmo em pdf, tendo clínica praticamente todos os dias da semana e chegando cansadíssima, consegui terminar a leitura em 2 dias (2 noites, melhor dizendo). O que dizer além disso? Amei, amei, amei! A história é muito bem contada, os personagens são bem construídos e a empatia não precisa ser forçada em momento algum. O livro é divertido e delicioso. Se tornou um dos meus preferidos. Recomendo demais! 

Assistidos 

1. Verdades Secretas
Melhor novela da Globo na atualidade. Apesar do final meio bosta, gostei bastante do desenrolar da trama. Fora que a fotografia e a trilha sonora estavam impecáveis. Ainda tenho uma playlist da novela que toca no meu spotify diariamente <3 Mas o melhor mesmo eram os comentários do Hugo Gloss no snap sobre a boca de golfinho da Angel e o are baba do RajGray. Quero minha vida narrada por um #ResumodoGloss. 

Ah, os menes...
2. Grey's Anatomy
A 12ª temporada da série já começou derrubando forninhos. O que dizer desses personagens que acompanho há séculos e ainda considero pakas? Confesso que estava achando algumas situações meio arrastadas, mas as coisas estão indo bem até agora. Tô adorando a dinâmica entre Mer, Amelia e Maggie. April e Jackson </3. Alex melhor pessoa. Bailey like a boss. Única coisa que meu coração num guenta: sdds McDreamy. 


3. How to get away with murder
Comecei a assistir a primeira temporada assim que estreou e assim foi até o hiatus. Depois esqueci de voltar a acompanhar. Quando me dei conta, já tinha terminado a primeira temporada e começado a segunda. Até cogitei assistir todos os eps novamente, desde o começo, por ser uma série que tem um mistério, minúcias, detalhes e minha memória não é muito boa pra gravar essas coisas. Mas voltei a assistir a partir do episódio 10 e, caraca, essa série é foda! Assisti aos episódios restantes até terminar a temporada e comecei a segunda. Foda. Assistam! 

Motivo 1 pra você começar a assistir a série: Frank.
Motivo 2: Annalise melhor pessoa
4. Cidades de Papel
Gostei pra caramba do filme. Gostei do começo, meio e fim. Gostei do livro também e acho que cada um, à sua maneira, soube cumprir o que prometeu. Cidades de Papel talvez seja minha obra preferida do JG e os personagens são, em sua maioria, cativantes. Ainda não consigo ver a Cara como Margo, mas de resto estava tudo ok. Gostei da fotografia, trilha sonora e as piadas do Ben. A mensagem sobre amizade, apesar de clichê e previsível, conseguiu ser passada de maneira agradável e tocante. Mas é claro que o melhor tanto no filme quanto no livro são os Papais Noéis negros dos pais do Radar. 


5. Mary e Max 
Cara. Esse filme. Cara!!!!! Não tem como expressar em um simples resumo tudo o que o filme representa, mas vocês devem largar o que quer que estejam fazendo agora pra conhecer a amizade entre esses dois que, apesar de aparentemente completamente diferentes, são iguais em muitas coisas. O filme é lindo, inteligente, emocionante, de cortar o coração e passa uma mensagem maravilhosa. Preciso fazer um post só sobre ele, mas, por hora, contentem-se com minha indicação. ASSISTAM! 




Max, do filme supracitado, é portador da Síndrome de Asperger. Já assisti e li algumas coisas sobre o assunto, tanto a nível científico quanto ficcional e fiquei encantada com os Aspies. Se vocês tiverem alguma indicação sobre o assunto, seja de filmes, livros ou documentários, estou aceitando. 

Bom, por hoje é só. Espero que gostem das indicações e venham me contar suas opiniões. E vocês, o que andam assistindo e lendo? 

31 agosto 2015

Sobre primeiras vezes

O início de qualquer coisa é assustador. A primeira vez fazendo algo é sempre motivo de ansiedade porque as coisas parecem infinitamente mais difíceis quando não temos um referencial, quando nos jogamos no escuro. Até passarmos por isso. Ultrapassando o primeiro obstáculo, as coisas começam a engrenar e gradativamente vamos nos acostumando. Nosso cérebro cria uma nova rotina e passa a segui-la. Quando nos damos conta, tudo está tão natural que não é mais custoso fazer aquele percurso. Isso vale pra tudo: escola, emprego, faculdade... 

Pensando nessa temática de "primeiras vezes" lembrei que dia desses eu atendi, de verdade, o meu primeiro paciente. Quando digo "de verdade" não quero dizer que até então eu atendia animais ou pacientes imaginários. O caso é que até então sempre tinha um professor junto (literalmente do lado) orientando cada movimento nosso. Até que eles deram a louca e decidiram que iriam jogar a gente na clínica sem nenhuma experiência no maior estilo "beleza, foda-se, vocês já estão grandinhos o suficiente e prontos pra lidarem com as responsabilidades". Foi a primeira vez que eu chamei o paciente na sala de espera, acompanhei ele até a cadeira, conversei com ele, anotei todas as suas queixas no prontuário, fiz o exame físico e elaborei o plano de tratamento. Pela primeira vez eu atendi um paciente como se eu fosse uma dentista formada (ou quase isso) e foi impossível não lembrar de como é assustador fazer alguma coisa pela primeira vez. Ainda mais quando os professores fazem uma espécie de Jogos Vorazes, largando todo mundo na clínica, salve-se quem puder! 


Tudo o que eu sabia era que na hora do atendimento tudo começa pelo nome. E eu sou péssima com nomes. Quando peguei o prontuário e fui pra sala de espera chamar meu paciente, tentei programar meu cérebro pra lembrar daquele rosto. Quando achei que estava mais ou menos pronta, o chamei - há essa altura todo mundo já devia estar pensando que eu estava maluca ou tinha paralisado como o Chaves.


Ser simpática nunca foi difícil pra mim, então perguntar como ele estava e fazer algumas piadinhas pra descontrair não me fizeram tremer na base. Chegamos até a cadeira, ele sentou no lugar que eu estava mais acostumada a ocupar e foi quando eu percebi: era a minha primeira vez atendendo um paciente. De verdade. E eu não sabia como agir.


No meio das perguntas da anamnese eu já tinha esquecido o nome do paciente, já tinha rasurado o prontuário, não sabia fazer as contas de quantos anos o homem tinha com base na sua data de nascimento. Fui aferir sua pressão e na primeira tentativa ela estava 60/40 - algo que até ele, leigo no assunto, percebeu que era impossível. Foi nesse momento que eu percebi que precisava respirar. Abaixei um pouco a máscara, dei uma respirada, coloquei-a novamente. Então comecei a conversar com o paciente como se ele fosse um amigo. Demonstrei interesse pela sua história. Descobri que ele tinha 57 anos e era aposentado, mas ainda fazia uns "bicos" com trabalhos manuais. Numa dessas atividades, tinha sofrido um acidente, há uns dois anos, com uma máquina de cortar madeira. Seu rosto foi ferido por um corte que atravessou toda a extensão horizontal da face por cima do lábio superior e um pouco abaixo do nariz. Depois que ele falou, parei pra reparar: realmente, ali tinha uma cicatriz quase imperceptível. Com um astral pra lá de alto, ele se divertia contando desgraças (amo/sou pessoas que sabem rir da própria desgraça) e quando percebi a primeira parte do atendimento estava completa. Anotei mentalmente: nunca perder o encanto pelas pessoas. 


Quando chegou a hora de colocar a ~mão na massa~, aquela sensação de "que porra que eu tô fazendo?" me invadiu novamente. Tantos instrumentais, tantas coisas passando pela cabeça... Como escolher, no meio de tanta parafernália, a coisa certa? Até que, novamente, respirei fundo e tentei lembrar de todas as aulas teóricas que tive e, aliando aos conhecimentos práticos, comecei a atender. A manhã passou num instante. Agendei uma nova consulta, liberei o paciente e sentei - aliviada - pra planejar o que faria nas próximas vezes. 

Vindo pra casa depois dessa aula, me peguei pensando em tudo isso. Sobre como primeiras vezes são aterrorizantes, sobre como às vezes tudo o que a gente precisa é parar e dar uma respirada pra oxigenar o cérebro e pensar com mais clareza. Sobre como a cada dia nos expomos a novas "primeiras vezes" e sobrevivemos a todas elas... E percebi que, embora aterrorizantes, primeiras vezes são encantadoras. Mágicas. E que aquela sensação de frio na barriga, nó na garganta e borboletas no estômago não aparece só quando a gente tá apaixonado...

Quarta-feira vou realizar a terceira consulta do meu primeiro paciente. Passados os perrengues iniciais, já me sinto bem em atendê-lo. Ainda lembro seu nome e seu rosto. Lembro das histórias que me contou e mesmo sabendo que ao longo da vida vou atender milhares de pacientes, ouvir milhares de novas histórias e passar por diversos outros casos clínicos, sempre lembrarei do meu primeiro paciente. E de como trabalhar com pessoas pode ser gratificante.

05 agosto 2015

Escrevendo sobre não escrever


Semana passada eu tive que fazer uma atividade para a matéria virtual obrigatória que estou cursando esse semestre e enquanto a maioria dos meus colegas resumiu superficialmente suas ideias em um único parágrafo de três linhas, eu me permiti desenvolver uma dissertação com direito a introdução, desenvolvimento e conclusão. Três parágrafos, no mínimo. Isso me fez lembrar dos tempos de colégio: enquanto todos faziam beicinho pras avaliações feitas em forma de redação, eu sempre achei o máximo. Era minha garantia de que tiraria uma nota boa porque eu sempre tive essa facilidade em lidar com as palavras e acho que esse é um dos maiores motivos pelos quais esse blog existe até hoje. Fazendo odonto, esse é o jeito mais prático de exercitar o hábito da escrita - além de responder os fóruns da matéria virtual, é claro. 

Mas acontece que apesar de ter uma facilidade incrível em escolher as palavras e juntá-las num texto, às vezes me sinto esgotada. O dilema de todo "escritor" é esse, acredito eu. Existem períodos de total falta de criatividade, aqueles momentos em que, se escrevesse à mão, se refletiriam na cena mais clichê do cinema: várias bolinhas de papel amassadas em cima da escrivaninha, jogadas pelo chão e mais um punhado transbordando pelo lixo. É assim que estou me sentindo agora. Esgotada.

Faz tempo que não escrevo nada que me agrade. Aliás, faz tempo que eu não escrevo nada. Costumo abrir o rascunho aqui do blog e começo a desenvolver algumas ideias, mas não consigo levá-las adiante. Acabo apagando tudo pra começar do zero na próxima vez. Só que essa próxima vez nunca chega. 

Dentre tantos os assuntos sobre os quais posso falar, acabo ficando sem saber qual escolher, porque é preciso estar no momento certo pra escrever sobre a coisa certa. Entretanto, esse momento parece não chegar pra nenhum assunto. Confesso que me sinto meio culpada em não manter o blog atualizado porque, por incrível que pareça, existem pessoas que gostam e sentem falta de ler o que eu escrevo (também não entendo, não me perguntem o motivo), mas fico ainda mais culpada por mim mesma, por fazer parecer uma obrigação aquilo que eu deveria fazer por prazer. 

Semestre passado na faculdade foi puxadíssimo e esse parece que seguirá o mesmo ritmo, embora eu tenha alguns períodos da semana livres. Vou tentar aproveitar esse tempo pra escrever alguma coisa que não reclamações sobre não conseguir escrever. Prometo que o próximo post será sobre um assunto decente, mas só queria lembrá-los da minha existência e dizer que não os esqueci. Ainda tô por aqui e com um milhão de ideias na cabeça. Só preciso conseguir passá-las pro papel. Ou, nesse caso, digitá-las no computador. 

Então é isso. A gente se vê. 

10 julho 2015

"Miga, seje menas"

Se tem uma coisa que eu encho a boca pra falar é que eu tenho tendência a gostar das coisas. Acho isso tão sonoro que sempre uso no início de uma conversação, quando, por exemplo, um desconhecido pede pra eu falar alguma coisa sobre mim. E faço questão de encher a boca pra falar isso porque essa é a maior verdade da minha vida. Sabem aquelas pessoas que não comem brócolis, detestam os filmes da sessão da tarde ou, sei lá, não usam blusas vermelhas porque não gostam da cor? Eu passo longe disso. Adoro brócolis, acho os filmes da sessão da tarde de beleza vintage inacreditável e amo/sou vermelho. Essas foram as situações mais aleatórias que passaram pela minha cabeça no momento, mas isso vale também pra muitas outras coisas. Vale pra quase tudo na minha vida, inclusive. Porque eu simplesmente tenho essa tendência a gostar das coisas. E isso é ótimo.

Mas sempre tem um mas como eu sou humana, sou uma pessoinha e convivo com outras pessoinhas que sabem ser extremamente irritantes, acredito que seria impossível gostar de tudo, o tempo todo, né? Portanto me vejo no direito de poder odiar algumas coisas. Só algumas, bem poucas, tipo... Pessoas carentes. Nossa. Sério. Pausa dramática aqui porque não tem coisa que me dê mais nos nervos do que uma pessoa carente. Só de lembrar de algumas já fico com vontade de bater a cabeça delas na parede até quebrar. Ok. Vou me acalmar, juro.

Ai vocês vão me dizer "Brendha, todo mundo tem uns momentos de carência, inclusive você". Ah, eu sei disso, caros amiguinhos. Ah, se sei! Inclusive me sinto abominável nessas horas em que a carência resolve bater à minha porta e me vejo mandando umas mensagens bem toscas no whatsapp pra minha melhor amiga dizendo coisas tipo "queria um mozão" (frase meramente ilustrativa). Assim que recupero minha sanidade mental fico com uma vontade absurda de bater minha cabeça na parede até quebrar e tal, mas isso são momentos, beleza, todo mundo passa por isso. Agora tem aquelas pessoas que são carentes o tempo todo. ALL THE TIME. Como lidar? 

Tudo começa pelo tom de voz. A pessoa com carência crônica geralmente tem aquela voz chorosa, meio aguda, estridente e musical (de uma forma ruim). Não sei explicar, mas é como se a pessoa falasse chorando. Um saco. Aí você tenta abstrair da voz, puxa um papo bacana, mas ela sempre precisa fazer drama sobre tudo. Você pode estar falando sobre cachorrinhos fofinhos que elas vão achar alguma brecha pra reclamar de qualquer coisa. E não há coisa que me irrite mais do que isso.

Pensando sobre isso, reparei numa coisa: parece que quanto mais você detesta algo, mais você o atrai. Não sei qual é a lógica do universo, mas ele deve rir muito da minha cara todos os dias porque, sem mentira, na faculdade eu passo por uma provação danada. Convivo com uma pessoa em especial que deve ter passado na fila da carência umas 5 vezes e, OH GOD, dai-me força. 

Aí eu tenho os finais de semana. Os tão esperados finais de semana. Aqueles dias benditos em que posso deitar na minha cama, posso tentar colocar em dia minhas séries atrasadas, ler um pouquinho, escrever e... NÃO, PERA! Seria uma pena se uma amiga resolvesse que é uma boa hora pra me ligar se convidando pra vir me visitar. Porque ela tá com saudade, mesmo tendo me visto há poucos dias. Isso tudo porque ela é... TCHÃNÃNÃNÃ... Carente crônica. E tá sempre reclamando. E tá sempre com saudade. E quer sempre vir me ver quando o que eu mais quero é só ficar de pijama o dia todo com o cabelo todo zoado e foda-se o mundo lá fora. Aliás, outra coisa que reparei enquanto pensava sobre isso: as pessoas carentes querem sempre alguém por perto, mas elas não percebem que, sendo carentes, elas só fazem reclamar e se tornam chatas, o que acaba afastando cada vez mais as pessoas. Aí elas ficam mais carentes. E resolvem me procurar, porque não tem explicação, eu devo ser uma espécie de ímã pra esse tipo de pessoa.

Tô aqui pensando seriamente em criar um grupo de apoio. ~ CC anônimos ~ Talvez eu troque o nome porque os Carentes Crônicos anônimos dariam a entender que não tomam banho, fedem e tal, mas é uma boa ideia, né? É algo a se pensar. Imagina juntar todos os carentes numa sala pra falarem das suas carências com suas vozes chorosas e suas caras de coitados? Quem sabe assim eu poderia, finalmente, terminar de ler o meu livro sem ficar tendo que dar desculpas pra não sair com alguém carente. Só pra variar. 

A não ser que seja o Chandler. Aí posso abrir uma exceção.

28 junho 2015

Directed by me

Oliver
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Eu gosto de pensar nas pessoas ao meu redor como personagens de uma história. Da minha história. Sem querer parecer egocêntrica ou pretensiosa dizendo isso, mas é que acho divertido pensar na minha vida como um filme. Não que as pessoas existam só por causa de mim, para serem personagens da minha história. Ah, vocês entenderam. Cada um tem seu próprio filme, porém, do meu ponto de vista, a protagonista do meu filme sou eu. Porque já que a vida imita a arte e a recíproca é verdadeira, qual o problema de pensar no cotidiano de forma mais poética? 

O problema é quando o filme que é a sua vida não está sendo dirigido da forma que você gostaria. E o problema maior ainda é saber que isso foge ao seu controle. Porque, querendo ou não, as pessoas ao seu redor, embora a maioria delas seja apenas figuração ou elenco de suporte, têm grande influência no gênero da sua obra e no andamento da mesma. Sendo assim, não dá pra simplesmente demitir todo mundo e chamar um novo cast. Você tem que trabalhar com o que tem. E isso às vezes me faz sentir um pouco deslocada. Como se eu não me encaixasse no meu próprio filme.

Eu gosto da minha rotina. Gosto do meu curso. Gosto do que eu faço. Porém sinto como se faltasse algo. Tudo parece tão genérico em alguns momentos. Em termos "cinematográficos", sinto como se eu vivesse em um filme de cinema pipocão, num blockbuster, sei lá. Como se grande parte dos meus minutos fosse sobre futilidades e diálogos que não levam a nada. Só explosões e triângulos amorosos sem sentido - metaforicamente falando. E se eu odeio tudo isso no cinema, como poderia gostar disso na minha vida?

Por sorte existem pessoas espalhadas por aí que fogem do clichê. Pessoas com quem dá pra conversar e chegar a algum lugar, por exemplo. Geralmente elas moram longe e fica difícil encaixá-las na rotina, mas, por sorte, elas existem. E tornam o filme da minha vida um pouco mais do jeito que eu gostaria que ele realmente fosse. 

Então essa vai ser meio que minha ~ missão ~ a partir de hoje: dirigir a minha vida da melhor forma possível. Trabalhando com o cast que eu tenho e tentando encontrar alguns coadjuvantes que valham à pena. Deixando os figurantes em segundo plano, como devem ficar. E chegando à um filme que eu gostaria de assistir, por fim.

It's a crazy world. Anything can happen.

04 junho 2015

As coisas têm o valor que damos a elas

Foto aleatória porque sim. Tirei daqui.
Resolvi colocar essa frase de título que é pra vocês não deixarem passar batido. Ela ficou martelando na minha cabeça a manhã toda e eu resolvi transcrevê-la porque me pareceu a maior verdade dos últimos tempos. No meio de tanta coisa acontecendo, tantas mudanças, tantas reviravoltas, eu percebi: nem mais, nem menos, as coisas têm apenas - e exatamente - o valor que damos pra elas. Seja isso algo bom ou ruim.

Comecei a pensar sobre esse assunto quando uma pessoa veio falar comigo no whatsapp hoje cedo. Alguém que, há alguns anos, fazia meu coração disparar só de ver o nome na tela do meu celular. Algumas brigas e um longo período de afastamento depois, voltamos a conversar, mas as coisas aqui dentro estão completamente diferentes. Entre ver que ele me mandou um olá e descobrir que o almoço está quase pronto... A segunda opção tem, obviamente, um efeito mais positivo sobre mim - enquanto a primeira nem me faz esboçar uma reação. Isso me colocou a pensar: há algum tempo - e durante muito tempo - eu depositava tanto valor sobre uma pessoa que hoje, apesar das tentativas, não me faz mais sentir nada além de "ok, vou te responder quando der". E tudo isso é muito louco! 

Algumas coisas extremamente pequenas podem ser empoçadas de tamanho valor que se tornam grandiosas aos nossos olhos. Eu, que sou adepta do modo Amélie de viver, tento levar isso pro dia-a-dia, procurando a magia dos pequenos prazeres diários. Pratico a gentileza e sempre que recebo um sorriso de volta de um desconhecido já considero meu dia ganho. Além disso, pode parecer meio presunçoso, mas tenho o costume de pensar que aquele meu "bom dia" despretensioso pode ter sido a melhor parte da manhã de alguém e acredito piamente que sorrisos dados sem motivo são os mais gostosos de serem observados - ainda mais quando devolvidos. Todos esses pequenos detalhes, quando reparados, podem fazer a minha semana mais feliz e por alguns momentos os problemas não parecem tão importantes ou impossíveis. Tudo fica mais fácil...

Em contrapartida, quando não estou num dia bom, parece que tudo é motivo para reclamar. Tudo se transforma num grande drama e o valor dado pros aspectos negativos faz com que tudo pareça um filme do Michael Bay: nada faz sentido, é só explosão atrás de explosão. Acho que é nessas horas que temos que olhar bem pro fundo da nossa alma e entender: as coisas têm o valor que atribuímos a elas. Nós somos capazes de atribuir valor a tudo que nos cerca, portanto, podemos (e devemos) fazê-lo de forma que nos beneficie - sem prejudicar os outros, é claro.

Então tente pensar um pouquinho sobre isso hoje. É algo realmente óbvio, mas que merece atenção. Não deixe seu inconsciente dar demasiado valor às coisas que não o merecem. O mesmo vale pras pessoas!

Às vezes depositamos tanta importância sobre algumas pessoas e nos esquecemos que o maior valor deve ser dado a nós mesmos. Não tem segredo, a fórmula é simples: aquilo que te faz bem, vale mais! E a recíproca também é verdadeira...