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29 maio 2014

Silêncios desconfortáveis.


Esse ano eu comecei a desenvolver meu lado pseudo cinéfila e nesses cinco meses de 2014 eu assisti aos melhores filmes da minha vida. Se eu for pesar em uma balança, levando em conta o quesito "qualidade", todos os filmes que eu já assisti em todos os meus 18 anos de vida não equivalem aos que tenho assistido. Sintam o drama. Porque eu nunca fui fã de cinema e assistia somente às comédias românticas que passavam na TV e olhe lá. Nunca fui de pesquisar sobre diretores, trilhas sonoras nem nada do tipo, mas algo mudou e eu passei a me interessar pelo assunto. Tive influências, claro, e sou muito grata por isso. Inclusive foi seguindo uma indicação de um amigo que assisti Pulp Fiction, aquele filme velho que eu nunca tive interesse em conhecer... E foi assim, sem expectativas, que abriu-se minha porta de entrada ao mundo do gosto pelo cinema. E é sobre um trechinho em específico desse filme que eu vim comentar com vocês hoje.


Não tô aqui pra fazer resenha nem nada do tipo, portanto vamos pular as apresentações. Aliás, a cena a qual me refiro também não é a talvez mais famosa do filme - que está no gif de abertura do post - mas sim uma conversa entre a Mia e o Vincent. Os diálogos do filme são impecáveis (Tarantino, seu lindo) e esse em especial revela uma verdade absoluta:

Mia: "Don't you hate that?" Você não odeia isso?
Vincent: "What?" O que?
Mia: "Uncomfortable silences. Why do we feel it's necessary to yak about bullshit in order to be comfortable?" Silêncios desconfortáveis. Por que sentimos a necessidade de tagarelar besteiras para ficar confortável?
Vincent: "I don't know." Não sei.
Mia: "That's when you know you found somebody special. When you can just shut the fuck up for a minute, and comfortably share silence." É quando você sabe que encontrou alguém especial. Quando você pode simplesmente calar a boca por um minuto e dividir o silêncio confortavelmente.

Assim que o diálogo acabou, eu fiquei olhando pra tela e pensando: PUTA MERDA. Aquele sentimento que eu já havia sentido tantas e tantas vezes, mas não sabia como colocar em palavras estava agora ali, diante dos meus olhos, e uma avalanche de lembranças começou a invadir a minha mente. Porque é isso. Quando você pode passar horas ao lado de alguém sem precisar tagarelar besteiras para se sentir confortável, você sabe que aquela pessoa é especial. Porque para compartilhar o silêncio nós precisamos de um nível de afinidade fora do comum. E essa fala aparentemente simples consegue traduzir um grande sentimento.

Para se relacionar com alguém, você busca interesses em comum. Vocês conversam, se conhecem e se os santos baterem, levam uma amizade ou algo mais adiante. Todos os relacionamentos se baseiam em conversas, basicamente. Mas acredito que as relações mais especiais se encontram nesse ponto: o silêncio. Quando um olhar basta. Quando não é preciso preencher as entrelinhas para que a presença faça algum sentindo. Quando nada é preciso ser dito para que tenha fluidez. Essa é a mágica. O silêncio pode ser um grande aliado, mas também pode ser o seu pior inimigo. Ele divide águas. E quando você permanece ao lado de alguém em silêncio e consegue sentir prazer nisso, parabéns, você está dentro de algo especial.

Sendo assim, não acho que nada mais precisa ser dito. 

Enfim, era isso. Só gostaria de compartilhar com vocês um dos meus trechos favoritos do filme e recomendar a obra a quem ainda não assistiu.

Até mais!

6 comentários:

  1. As em silêncio são as conversas mais profundas.
    GK

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  2. Sabe o que eu acho?
    Acho que o dia 12 de junho tá chegando e você tá ficando muito sentimental.. rsrsrs..
    E não é pelo seu aniversário, hein! kkkkkkk
    Brincadeira..

    Não quero falar sobre o filme (apesar de já ter registrado mentalmente o título para procurar depois e assistir), mas sobre isso que você falou sobre o silêncio..
    Cara!! É TUDO!
    É sinal de que a pessoa só quer que você esteja por perto. E não é querer alguém por perto, é querer VOCÊ. Isso faz toda a diferença na amizade ou em qualquer outro tipo de coisa que se chame de relacionamento.
    Isso faz falta. Esse código inaudível. Aquilo que não dá pra explicar.
    É muito especial. É muito bom.

    Meu desejo é: Que nunca nos falte alguém que simplesmente queira estar em silêncio, mas do nosso lado.

    Bjs.
    =*

    O Pierrot Mal Amado

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    1. Ai, Doug, nada a ver isso que tu tá falando! UHAUAHUHAUHAUHAUA
      É que, como está espalhado pelas vitrines das lojas, o amor está no ar. Talvez essa aura romântica tenha vindo parar um pouco aqui no blog como comemoração, mas nada além disso! hahahuaha

      Assista, por favor, depois vem me contar o que achou!
      Né? Muito isso. "Esse código inaudível." Exatamente isso!

      Verdade. Menos pessoas tagarelando besteiras, mais pessoas desfrutando o silêncio confortável ao nosso lado. haha

      Beijão!

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  3. Sou um cinéfilo inveterado e adoro calidamente esse trecho de "Pulp Fiction" do fodão Tarantino. É um dos primeiros filmes que vi na vida e com muito orgulho o tenho na minha coleção. TODOS os outros filmes dele são diferenciados também, mas "Pulp Fiction" para mim é sua grande obra-prima.

    Sobre o silêncio, é exatamente o que você bem abordou, embasado no trecho. E eu como um filho do silêncio, só espero compartilhá-lo sem constrangimentos.

    http://leigopoeta.blogspot.com.br/

    Beijos

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    1. "Pulp Fiction" foi o primeiro filme do Tarantino que eu assisti e, como você disse, todos os outros são diferenciados, mas igualmente geniais. Com sacadas incríveis, diálogos maravilhosos e as melhores trilhas sonoras <3

      Obrigada pela visita, volte sempre!

      Beijo!

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