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Cena do filme "Apenas o Fim". |
*Ou:
1. sobre como eu gostaria de ser a musa de alguém.
2. são quase três da manhã, perdoem-me os devaneios.
Aprendi a observar e dar valor às coisas simples da vida com a minha avó, provavelmente, porque é sempre ela que me vem à mente quando falo de simplicidade em tom poético. Entrando, portanto, nesse assunto, lembrei que dia desses assisti ao filme "Apenas o Fim", uma obra nacional que não me chamaria muito a atenção se eu não tivesse visto que quem estrelava era o Gregório Duvivier - aquele do Porta dos Fundos, que é fofo e engraçado e inteligente e quando tá de barba (principalmente) faz qualquer uma querer ser a Clarice Falcão de alguém, com narigão e tudo. Bom, voltando ao filme, eu o assisti e gostaria de enfatizar que ele é de uma simplicidade e poesia tão pura e linda que dá vontade de tatuá-lo na testa. Cada diálogo, cada frasezinha bonitinha, cada referência, cada cena que o casal de protagonistas está deitado na cama e passa aquela sensação de conforto, dá uma vontade imensa de ter alguém pra simplesmente deitar a cabeça no seu colo e ficar a tarde toda fazendo cafuné, sentindo os fios de cabelo passando por entre os seus dedos como se não existisse fome, poluição ou corrupção. Como se o mundo ficasse no pause enquanto a gente curte o momento, porque é isso que faz sentido - as coisas simples da vida.
Daí que eu sempre faço toda uma introdução porque não consigo simplesmente chegar e largar o que eu quero dizer sem antes fazer algumas voltas. Mas enfim. O que, de fato, me trouxe até aqui foi um poema escrito pelo ator que interpreta o protagonista do filme supracitado, o Greg (ó a intimidade), que escreveu o livro "Ligue os Pontos" que se tornou um dos meus desejados-pra-ontem e é totalmente dedicado à Clarice e abro um parenteses pra dizer que esses dois formam o casal mais cute-cute que eu consigo lembrar. O poema que me fez querer materializar o livro em mãos, que se encaixa na simplicidade poética que é o âmago desse texto e da vibe que estou sintonizada no momento, é este:
"se eu fosse um faraó do egito antigo
não me faria falta o carnaval do rio
o ipod o iphone o iogurte grego
o mate de galão ou o miojo
de galinha caipira eu viveria feliz
por meses entre múmias e deuses
com cara de cachorro — ou quase:
a única invenção cuja inexistência
me obrigaria a tomar o cianureto
mais em voga das maravilhas do mundo
moderno a única que me faria falta
é você (e talvez quem sabe o ar
condicionado, mas sobretudo você)."
Aproveitando o ensejo, jogo uma dúvida no colo de vocês: porque é que os caras cismam em achar que as mulheres querem que eles lhes ofereçam as estrelas, sendo que um poema - bem mais palpável e realizável - já bastaria? Ou então, em alguns casos, até mesmo essa carinha de bobo-apaixonado-admirando-a-amada que o Gregório faz na foto a seguir já era suficiente...

Eu nunca sei terminar textos, então esse vai acabar assim.
Fim.