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10 julho 2015

"Miga, seje menas"

Se tem uma coisa que eu encho a boca pra falar é que eu tenho tendência a gostar das coisas. Acho isso tão sonoro que sempre uso no início de uma conversação, quando, por exemplo, um desconhecido pede pra eu falar alguma coisa sobre mim. E faço questão de encher a boca pra falar isso porque essa é a maior verdade da minha vida. Sabem aquelas pessoas que não comem brócolis, detestam os filmes da sessão da tarde ou, sei lá, não usam blusas vermelhas porque não gostam da cor? Eu passo longe disso. Adoro brócolis, acho os filmes da sessão da tarde de beleza vintage inacreditável e amo/sou vermelho. Essas foram as situações mais aleatórias que passaram pela minha cabeça no momento, mas isso vale também pra muitas outras coisas. Vale pra quase tudo na minha vida, inclusive. Porque eu simplesmente tenho essa tendência a gostar das coisas. E isso é ótimo.

Mas sempre tem um mas como eu sou humana, sou uma pessoinha e convivo com outras pessoinhas que sabem ser extremamente irritantes, acredito que seria impossível gostar de tudo, o tempo todo, né? Portanto me vejo no direito de poder odiar algumas coisas. Só algumas, bem poucas, tipo... Pessoas carentes. Nossa. Sério. Pausa dramática aqui porque não tem coisa que me dê mais nos nervos do que uma pessoa carente. Só de lembrar de algumas já fico com vontade de bater a cabeça delas na parede até quebrar. Ok. Vou me acalmar, juro.

Ai vocês vão me dizer "Brendha, todo mundo tem uns momentos de carência, inclusive você". Ah, eu sei disso, caros amiguinhos. Ah, se sei! Inclusive me sinto abominável nessas horas em que a carência resolve bater à minha porta e me vejo mandando umas mensagens bem toscas no whatsapp pra minha melhor amiga dizendo coisas tipo "queria um mozão" (frase meramente ilustrativa). Assim que recupero minha sanidade mental fico com uma vontade absurda de bater minha cabeça na parede até quebrar e tal, mas isso são momentos, beleza, todo mundo passa por isso. Agora tem aquelas pessoas que são carentes o tempo todo. ALL THE TIME. Como lidar? 

Tudo começa pelo tom de voz. A pessoa com carência crônica geralmente tem aquela voz chorosa, meio aguda, estridente e musical (de uma forma ruim). Não sei explicar, mas é como se a pessoa falasse chorando. Um saco. Aí você tenta abstrair da voz, puxa um papo bacana, mas ela sempre precisa fazer drama sobre tudo. Você pode estar falando sobre cachorrinhos fofinhos que elas vão achar alguma brecha pra reclamar de qualquer coisa. E não há coisa que me irrite mais do que isso.

Pensando sobre isso, reparei numa coisa: parece que quanto mais você detesta algo, mais você o atrai. Não sei qual é a lógica do universo, mas ele deve rir muito da minha cara todos os dias porque, sem mentira, na faculdade eu passo por uma provação danada. Convivo com uma pessoa em especial que deve ter passado na fila da carência umas 5 vezes e, OH GOD, dai-me força. 

Aí eu tenho os finais de semana. Os tão esperados finais de semana. Aqueles dias benditos em que posso deitar na minha cama, posso tentar colocar em dia minhas séries atrasadas, ler um pouquinho, escrever e... NÃO, PERA! Seria uma pena se uma amiga resolvesse que é uma boa hora pra me ligar se convidando pra vir me visitar. Porque ela tá com saudade, mesmo tendo me visto há poucos dias. Isso tudo porque ela é... TCHÃNÃNÃNÃ... Carente crônica. E tá sempre reclamando. E tá sempre com saudade. E quer sempre vir me ver quando o que eu mais quero é só ficar de pijama o dia todo com o cabelo todo zoado e foda-se o mundo lá fora. Aliás, outra coisa que reparei enquanto pensava sobre isso: as pessoas carentes querem sempre alguém por perto, mas elas não percebem que, sendo carentes, elas só fazem reclamar e se tornam chatas, o que acaba afastando cada vez mais as pessoas. Aí elas ficam mais carentes. E resolvem me procurar, porque não tem explicação, eu devo ser uma espécie de ímã pra esse tipo de pessoa.

Tô aqui pensando seriamente em criar um grupo de apoio. ~ CC anônimos ~ Talvez eu troque o nome porque os Carentes Crônicos anônimos dariam a entender que não tomam banho, fedem e tal, mas é uma boa ideia, né? É algo a se pensar. Imagina juntar todos os carentes numa sala pra falarem das suas carências com suas vozes chorosas e suas caras de coitados? Quem sabe assim eu poderia, finalmente, terminar de ler o meu livro sem ficar tendo que dar desculpas pra não sair com alguém carente. Só pra variar. 

A não ser que seja o Chandler. Aí posso abrir uma exceção.